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Qualquer pesquisa sobre turn over trará boas respostas. Mas existe um aspecto nem sempre explícito nestas pesquisas: acima de tudo, as pessoas se desengajam das outras pessoas! Mais do que desencantadas com seus cargos, desafios ou condições de trabalho, as pessoas se desanimam invariavelmente das demais pessoas à sua volta. Nem sempre o problema são as atribuições e responsabilidades, ou o pacote de remuneração e benefícios. Tudo é relevante, claro. Porém têm muitas situações em que o problema está no distanciamento e no desencantamento com os colegas ao seu redor.

A linguagem, o comportamento, os valores e a maneira de enxergar o trabalho e as relações interpessoais ficam descolados daquilo que o indivíduo tem para si como melhor referência. Tudo piora quando este "descolamento" refere-se às atitudes do líder, cujo comportamento serve de exemplo de como não agir. Suas ações e escolhas em nada lembram os valores da organização. Sua performance parece a fábula do guardador de tartarugas, que deixou uma morrer de fome e a outra fugir... Não há qualquer sinal de que a empresa agirá para corrigir este rumo. O melhor caminho – cada vez mais sedutor – é a porta de saída.

A frustração e o sofrimento aumentam quando os líderes atuam não apenas com a marca da incoerência com os valores e da incompetência no desempenho. Comportamento antiético é a gota d’água para afugentar de vez aqueles que são sérios, comprometidos e impotentes para agir. Recentemente testemunhei um gerente que pediu demissão de uma empresa do setor de turismo por este motivo. Seu diretor – membro da família controladora da empresa! – praticava "malfeitos" (a palavra está na moda nesta era Dilma) e desejava cumplicidade do seu gerente. Este se demitiu, deixando sua família perplexa. "Eu tinha vergonha de contar o que acontecia lá", disse-me ele, para justificar o longo tempo em que manteve o segredo da própria esposa.

Semanas atrás tive a honra de participar de um congresso de RH em Blumenau, juntamente com o professor Jean Bartoli. Em sua palestra ele afirmou: "As empresas cuidam muito do tema da competência, mas creio que o dilema maior seja a questão do caráter de seus líderes", disse ele. "A empresa poderá sempre oferecer ao indivíduo espaço para desenvolver suas competências, mas não será possível corrigir seu caráter", completou.

Você está suficientemente atento para isto em sua organização? Para as pessoas eventualmente tiranizadas por seus líderes malfeitores?. Concordo 100% com o professor Bartoli: o problema maior é mesmo o de caráter.

Rogério Chér foi diretor corporativo de RH na Natura e hoje é sócio da Empreender Vida e Carreira. Leia mais sobre empreendedorismo no site da Endeavor

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