Vantagens
Locação mais barata e maior contato com o público
Quando buscou a locação de um cart em Londrina, o empresário Aparecido Cuervo da Silva considerou o valor do aluguel a maior vantagem para instalação no Shopping Boulevard. No ramo do entretenimento, o proprietário da Kadabra Mágicas também vem optando pela montagem de quiosques em outros estabelecimentos do país. "O quiosque facilita o atendimento. Fica no centro do shopping, então ajuda bastante.Além disso, o preço de uma loja convencional não é interessante para nós. A lucratividade seria bem menor", compara.
A empresária Elaine Cristina Cardoso Augusto, de Curitiba, também aderiu aos carts, pois viu no modelo a oportunidade de testar a adesão de sua marca, a Pashmina e Cia, em outras cidades. Ela queria analisar a interação do mercado com apenas um produto, os xales indianos, o que inviabilizaria a locação de uma loja convencional. "O quiosque foi mais adequado. Temos a vantagem de abordar mais facilmente as pessoas", diz.
Apesar do bom andamento dos negócios, Elaine alerta que os custos não são tão baixos como parecem e que merecem planejamento por parte de quem pensa em investir nos carts. Deve-se colocar na ponta do lápis os custos de salários, comissões e mercadorias. "Tínhamos uma ideia de faturamento no início e a realidade foi outra. Entendemos que é preciso de mais tempo para conseguir a meta inicial".
Leve seu negócio até o cliente
Muitos empreendedores ainda acreditam que o que define o negócio é o espaço físico, o que faz com que fiquem presos e virem reféns de um único canal de vendas e de apenas um canal de comunicação com o cliente. É uma armadilha comum, na qual todos os empreendedores, em algum momento, acabam caindo.
O espaço físico é uma zona de conforto e também de acomodação. Sem variar canais de vendas e de comunicação, perde-se oportunidades, como a de atualização das tendências do mercado e exposição de produto ou serviço para diferentes públicos, o que ajuda a identificar falhas e trabalhar nas melhorias. Um negócio que se limita a seu espaço físico perde a chance de trocar experiências com outros empreendedores e com outros potenciais clientes.
Um exemplo tradicional são as feiras e exposições setorizadas. A maior parte das empresas que participa desses eventos não pensa apenas no potencial de vendas, mas na chance de se atualizar e saber o que a clientela busca nos serviços e produtos que estão sendo oferecidos.
Outra forma de romper os limites físicos do negócio é buscar novos canais de venda e novos parceiros comerciais. Uma vez que se tem clareza sobre o público alvo, que tal procurar parceiros comerciais que dialoguem diariamente e diretamente com este cliente? Podem ser grandes lojas, redes varejistas, lojas virtuais, empresas de comércio justo, entre outros. Assim, é possível economizar em espaço, ganhar visibilidade e conseguir dicas e sugestões de mais pessoas, além de abrir canais de relacionamento.
O empreendedor que está começando deve lembrar-se que o negócio não se resume a quatro paredes. Ele começa com a iniciativa pessoal, aliada aos conhecimentos, talentos e a rede de contatos de cada um.
Lina Useche, diretora-executiva da Aliança Empreendedora
Facilitar a presença de iniciantes e microempreendedores em shoppings centers e oferecer um ambiente para teste de novos negócios. Essa é a proposta dos chamados carts, modelo de ponto de venda disponível para locação no Shopping Boulevard, em Londrina, no Norte. Os quiosques instalados nos corredores do empreendimento permitem que o comerciante comece as atividades pagando apenas o aluguel, de R$ 3,5 mil. A estrutura é padronizada e pode ser contratada por um período mínimo de 30 dias e máximo de 11 meses.
Uma das principais vantagens do modelo, explica o superintendente do Shopping Boulevard, Fábio Segura, é a oportunidade de teste de um novo produto a partir de um investimento menor. "O valor do aluguel inclui custos de energia, a estrutura física e consultoria para layout. É um preço bem convidativo, diferente do aluguel de uma loja. Neste caso, o lojista precisaria pagar também o condomínio do shopping", diz.
A oferta dos carts começou ano passado, com a inauguração do Boulevard. Desde então, 14 comerciantes aderiram aos quiosques. Dos oito espaços disponíveis, seis estão ocupados. A rotatividade é grande. Por ali, já passaram desde empresas que vendem de artigos esportivos a chocolates.
Quem procura o quiosque também pode evoluir para uma estrutura maior com a locação de umas das lojas do estabelecimento. Há quem opte ainda pela renovação dos contratos de carts. "Em 100% dos casos, temos geração de novos empregos. Como trabalhamos com vários turnos, o empreendedor contrata até quatro pessoas para ajudá-lo", pontua o superintendente, ao emendar que os carts também podem ser usados como ponto de apoio para vendas sazonais, como Páscoa e Natal.
Novo conceito
Para o consultor do Sebrae-PR Rubens Fernandes Negrão, os quiosques padronizados tornam mais fácil a participação de mais empreendedores no mix de um shopping center. Porém, ao optar pela modalidade, o empresário deve estar preparado financeiramente para lidar com baixo retorno no início. O ideal é que a estratégia sirva para conhecer o público-alvo, verificar a dinâmica do estabelecimento e observar o nível de aceitação do produto. "Não é uma ação de rentabilidade, mas de penetração no mercado", define.
Elaborar um plano de negócios pode ajudar nesta empreitada, indica o consultor. O empreendedor deve analisar a concorrência, buscar novidades em relação ao produto ou serviço oferecido e avaliar sua capacidade de endividamento. "É preciso saber ainda quanto ele precisará vender para poder ter retorno e quais serão os recursos humanos necessários, tanto no número de funcionários quanto ao treinamento", observa.
Ao longo de 11 meses, pondera Negrão, é possível identificar o que deve ser corrigido durante o processo. Para o consulor, trata-se de uma maneira mais rápida de conhecer a dinâmica do mercado, a partir de um canal direto de atendimento ao cliente.
Pesquisa e planejamento financeiro devem anteceder início de atividades
Professor da disciplina de Finanças e Empreendedorismo do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), o administrador Sérgio Tsuru dá orientações para quem quer entrar em mercados como o dos shoppings centers usando os quiosques.
É preciso conhecer a realidade de três locatários do modelo ao qual deseja aderir. Vale observar as práticas de venda por pelo menos um dia.
Antes de fechar negócio, saber onde ficará o ponto de venda e com quais estabelecimentos a concorrência será maior.
É importante que o quiosque esteja posicionado em um local de fácil acesso ao público, para chamar a atenção do consumidor.
No início das atividades, é importante que o empresário permaneça no local do início ao fim do expediente.
O bolso precisa estar preparado para enfrentar um período em que o retorno financeiro nem sempre é garantido. Pode ser necessário entrar com uma reserva pessoal e ter outra fonte de recursos para manter as despesas.
Uma conta para ajudar no planejamento: a margem de lucro sobre o produto não costuma exceder 35%. Com isso, se o comerciante gasta R$ 6,5 mil com produtos e os vende por até R$ 10 mil, a sobra deverá ajudar a pagar a taxa de aluguel.
Serviços especializados em consultoria para empreendedores, como o Sebrae, ajudam a estabelecer estratégias de atuação e conhecer as potencialidades do próprio segmento.
Meta fiscal mais frouxa do governo Lula piora expectativas e mercado joga juros para cima
Rebaixamento da meta aumenta desconfiança sobre as contas do governo Lula
Incertezas do Brasil fazem exportador deixar dólar no exterior e elevam pressão sobre câmbio
FMI amplia projeção de crescimento do PIB brasileiro para 2024 e 2025
Deixe sua opinião