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Alice Liberato, no tear, e Dirce Gonçalves: cachecóis de seda garantem renda extra às moradoras da vila rural | Ivan Amorin/ Gazeta do Povo
Alice Liberato, no tear, e Dirce Gonçalves: cachecóis de seda garantem renda extra às moradoras da vila rural| Foto: Ivan Amorin/ Gazeta do Povo

Etiqueta holográfica

Ao final da produção, os cachecóis receberão uma etiqueta holográfica do Vale da Seda. Com ajuda de um aplicativo instalado no celular, o comprador poderá ter acesso a informações, em seis idiomas, sobre a cooperativa e a confecção do produto.

Depois de terminar os afazeres domésticos, algumas moradoras da vila rural Esperança, em Nova Esperança (Noroeste do estado), vão para um canto especial de suas casas e passam horas em meio a fios de seda, agulhas e teares. Lá, elas produzem cachecóis que serão vendidos em lojas de souvenirs nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Cerca de 30 mulheres fazem parte da Cooperativa dos Produtores de Seda (Copraseda) e foram selecionadas para inserir o produto no mercado turístico, no Programa Talentos do Brasil Rural, uma parceria que envolve os Ministérios do Desenvolvimento Agrário, Turismo e Meio Ambiente e também o Sebrae.

Em todo o Brasil, 23 empresas e iniciativas foram escolhidas. No Paraná, de acordo com o Sebrae, somente a Copraseda e a Associação de Artesanato em Fibras Naturais de Jacarezinho (Combifra), no Norte Pioneiro, no qual um grupo de artesãos vai produzir peças de artesanato com folhas de bananeira.

Em Nova Esperança, o trabalho começou em ritmo acelerado há cerca de um mês. A meta é entregar 5 mil peças até abril de 2014. Para tanto, é preciso agilidade: algumas artesãs conseguem produzir até cinco cachecóis por dia.

A presidente da cooperativa, Dirce Gonçalves, diz que sente orgulho em ver seu trabalho reconhecido internacionalmente. "É uma honra para todas nós. Fazemos com carinho e empenho para mostrar que produzimos um produto que pode ir para qualquer lugar do mundo."

O gerente da câmara técnica do complexo do Vale da Seda (que compreende 29 municípios no Noroeste do Paraná), Osvaldo da Silva Pádua, explica que a peça não é pensada para o público brasileiro. "É feita para gringo ver e comprar", diz ele. Os fios são mais grossos, o que cria um aspecto de pluma. São desenvolvidos especialmente para países com frio rigoroso.

O material para a produção sai do próprio Vale da Seda, região que é o maior polo de produção de fios de seda do Ocidente. De lá, segue para fiação em Petrópolis (RJ), onde é usado para a confecção de peças de todos os tipos. As sobras dos teares voltam ao Paraná e são encaminhadas para uma fiação de Maringá, onde são tingidas com corantes naturais – recebem aplicação substâncias retiradas de cascas de cebola, folhas de eucalipto e urucum. Depois de todo o processo, o material está pronto para ganhar forma nas mãos das artesãs de Nova Esperança.

O custo para elas é de R$ 10 o quilo. Um quilo de fio de seda rende até cinco cachecóis, e cada um deles dá um lucro de R$ 23 para a artesã. Pádua calcula que as peças serão vendidas por algo em torno de R$ 150 durante o evento esportivo.

Alice Liberato é diretora da Copraseda. Viúva, ela revela que a atividade tem sido essencial para garantir renda extra. "Além do dinheiro, que faz muita diferença, ainda ocupo a cabeça e esqueço os problemas. O melhor de tudo é que trabalho em casa", conta.

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