
O maior empregador de Itapoá é a prefeitura municipal, com 160 funcionários. O segundo é uma rede local de supermercados, que oferece 30 postos de trabalho. Sobrevivendo de gastos dos veranistas, o município de 14 mil habitantes vê na instalação do porto uma oportunidade para estimular seu processo de desenvolvimento. "Para Itapoá, a construção do porto representou a diferença entre fechar as portas ou continuar a existir como cidade", avalia Márcio Roberto Gonzatto, ex-secretário de Planejamento da cidade (2007-2008) e presidente da Associação Comercial e Industrial de Itapoá.
Assim que começar a funcionar, o Porto Itapoá vai ultrapassar a prefeitura e se tornar o maior empregador. Até o fim de 2011, devem ser contratadas até 600 pessoas. "Vamos priorizar a mão de obra da cidade e do litoral norte de Santa Catarina. Vamos implantar um amplo programa de educação corporativa, que sustente o desenvolvimento desses profissionais", relata Elke Remlinger Mattos, gerente de Recursos Humanos do Porto Itapoá. Ela diz ter 11 mil currículos cadastrados, grande parte de autônomos ou trabalhadores do comércio local. A administração do terminal espera ainda criar 2,5 mil empregos indiretos em áreas afins à atividade portuária.
O impacto do investimento foi imediato na cidade. Segundo dados do Censo 2010, a população de Itapoá cresceu 67% na última década, tornando-se o município catarinense com a maior expansão demográfica. Com 93% dos imóveis pertencendo a paranaenses, a cidade sente pela primeira vez os efeitos de uma especulação imobiliária. Segundo dados do mercado local, o preço dos terrenos subiu 500% ao longo dos últimos anos. "As pessoas estão vendendo áreas de terras para as quais ainda não há nem acesso. Hoje não há mercado para estes terrenos, mas daqui a três ou cinco anos serão utilizados", explica Gonzatto, que é proprietário da Construtora e Imobiliária Atlântica.
O Porto Itapoá será responsável por 25% da arrecação de ISS do município, e é parceiro da prefeitura em projetos de revitalização urbana e educação ambiental. "Ao contrário de Paranaguá e Itajaí, cujos portos se desenvolveram junto com a cidade, aqui temos um porto que se desenvolve em uma cidade já constituída", diferencia Gonzatto. "Quando estávamos na fase de planejamento, visitamos as duas cidades para saber o que não deveria ser feito. Em Itajaí, por onde você passa vê um caminhão carregando um contêiner. Aqui em Itapoá criamos uma zona de amortecimento e uma via exclusiva, para que porto e cidade não se misturem", explica.



