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Infraestrutura

Itapoá quer “roubar” cargas de portos do Sul

Terminal que será inaugurado nesta semana aposta na agilidade para conquistar clientes de Paranaguá, São Francisco do Sul e Itajaí

Veja onde fica o novo Porto de Itapoá |
Veja onde fica o novo Porto de Itapoá (Foto: )

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A partir da próxima quarta-feira, Paranaguá e outros portos da Região Sul ganham um concorrente de peso. Em Itapoá, litoral norte de Santa Catarina, ocorre a inauguração do terminal de contêineres da cidade. Distante cem quilômetros de Paranaguá, o Porto Itapoá foi estruturado para ser uma opção mais rápida e econômica aos exportadores e importadores que movimentam a sua produção pelo Sul do Brasil.

Apesar de os insistentes gargalos de infraestrutura no país tornarem bem-vindo o início das atividades de mais um porto, a estratégia de negócios em Itapoá é também conquistar clientes habituais do porto paranaense e dos similares catarinenses, notoriamente Itajaí e São Francisco do Sul – com quem Itapoá divide a Baía da Babitonga. "É para concorrer, mesmo", crava Gabriel Ribeiro Vieira, diretor superintendente do Porto Itapoá. "Mas é como o mercado funciona. A carga procura o terminal que oferece mais vantagens. Não pensamos em ser o porto com maior capacidade de armazenamento, mas o que despacha o contêiner mais rápido. Hoje o tempo é um fator fundamental nos negócios. E, a partir do momento em que você começa a honrar suas datas de entrega, conquista e mantém o cliente", avalia.

A dona do negócio é uma holding de investidores. A transportadora marítima Hamburg Süd, da Alemanha, detém 30% das ações do porto, por meio da subsidiária brasileira Aliança, operadora de navegação de cabotagem. Os outros 70% são do consórcio Portinvest, formado pela BRZ Investimentos (40%) e pelo grupo Battistella (60%).

Com investimento total de R$ 475 milhões e previsão para entrar em operação até o fim de janeiro, o terminal privado é exclusivo para o embarque de contêineres. Com capacidade inicial para armazenar até 374 mil TEUs (unidade de contêineres de 20 pés) ao ano, o Porto Itapoá almeja faturar R$ 250 milhões ao ano até o fim de 2013.

Outras ampliações estão previstas até 2014, elevando a capacidade para 950 mil TEUs/ano. A instalação de 1.380 reefer boxes (áreas de armazenagem com tomadas para contêineres resfriados) foi uma das prioridades, mirando o mercado frigorífico de Santa Catarina – estado que abriga empresas como Sadia, Perdigão e Aurora, entre outros. "Estamos no meio de uma grande zona produtiva do Brasil, formada pelos estados de Santa Catarina e Paraná", lembra Vieira.

Inteligência

Para se tornar uma referência em eficiência logística no Brasil, os participantes do consórcio privado investiram R$ 100 milhões em equipamentos e sistemas de tecnologia. O principal destaque é o sistema Naves, instalado nos caminhões e na sala de controle de pátio. Com a automatização, todo o processo de armazenamento e despacho de contêineres é otimizado, deixando os caminhões vazios por menos tempo.

Além disso, o Porto Itapoá adquiriu quatro portêineres ("guindaste" que coloca o contêiner no navio) e 11 transtêineres (empilhadores de contêineres no pátio). Movidos a eletricidade, os aparelhos chineses ajudam a atingir a meta da administração do porto, que é reduzir pela metade o tempo de embarque de cada contêiner.

A geografia da região também auxilia o Porto Itapoá. O canal de acesso à Baía da Babitonga tem 200 metros de largura, possibilitando a passagem de qualquer tipo de navio. O calado de Itapoá tem 16 metros de profundidade. Além de ser considerado um dos maiores do mundo, estudos geológicos demonstraram que o berço de atracação não sofre assoreamento, dispensando a necessidade de dragagens de manutenção.

A segurança para atracação é reforçada pelas características do cais, que é avançado 230 metros mar adentro. Com 600 metros de extensão, pode receber simultaneamente até dois navios Super Pós-Panamax, os maiores porta-contêineres em atividade no mundo. Com isso, o Porto Itapoá planeja também se tornar um eixo para navegação de cabotagem, redistribuindo cargas para outros portos brasileiros. "Colocar a carga em um navio com capacidade maior significa custo menor para o exportador", define o superintendente.

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