Empresa investe em tecnologia, faz produto mais caro e vence concorrência

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A alternativa encontrada pela Indústria Metalúrgica Pastre para driblar a queda nas vendas do setor de implementos rodoviários parece estranha à primeira vista: investir R$ 500 mil no desenvolvimento de um produto mais caro que o da concorrência. Em parceria com a siderúrgica sueca SSAB, que fornece uma chapa de aço mais resistente e, ao mesmo tempo, 25% mais leve, a Pastre criou no ano passado o que chama de "carreta mais leve do país" – um bi-trem basculante que reduz em 7% o custo do frete para os transportadores.

"Como o bi-trem é mais leve, as empresas podem transportar mais carga sem ultrapassar os limites da legislação. Com a economia do frete, em seis meses o transportador terá o retorno do preço que pagou a mais pelo implemento", explica Lauro Pastre Júnior, gerente industrial da empresa e um dos filhos do fundador. Junto com três irmãos e dois sobrinhos, Lauro administra uma empresa tipicamente familiar, que deu os primeiros passos em Curitiba na metade do século passado e, após passar por três endereços na capital, instalou-se em 1994 na BR-116, a menos de dois quilômetros da Boreal, também de Quatro Barras.

O sucesso da nova carreta foi tão grande que, por conta dela, a empresa é a única de capital nacional a concorrer ao prêmio AutoData, promovido por uma revista do setor automotivo, na categoria "inovação tecnológica". Os outros três finalistas, todos multinacionais, são a fabricante de componentes Magnetti Marelli, o Security Group (pára-brisas) e a SKF (rolamentos). O resultado sai em novembro.

Os 240 funcionários da Pastre fabricam 100 unidades por mês, o dobro do volume vendido mensalmente há três anos, o que garante à empresa o sétimo lugar do mercado nacional. Parte da explicação para esse vigoroso crescimento está no desenvolvimento de novos produtos. O mais recente é o "rodotrem" de nove eixos – que, graças a um mecanismo de abertura na parte inferior da carreta, demora três minutos para descarregar qualquer tipo de carga sólida ou líquida a granel. A média, nos portos brasileiros, é de 40 minutos de descarga.

Além disso, a Pastre está ampliando sua rede de assistência técnica por todo o Brasil. Apenas nos últimos quatro meses, foram inaugurados cinco novos pontos, fazendo a rede chegar a 15, em dez estados. "Até 2003, tínhamos uma atuação muito regional. Agora, que desenvolvemos produtos de ponta, chegou a hora de mostrá-los", diz Lauro Pastre Júnior. No primeiro semestre, a empresa vendeu 500 implementos, com faturamento de R$ 19,5 milhões. A meta é atingir uma receita anual de R$ 41 milhões, com crescimento de 2,5% em relação a 2005.