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O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, já passou por 30 municípios paulistas para divulgar a campanha "De olho no imposto". Em Curitiba, sua primeira parada fora de São Paulo – estão previstas palestras também em Mato Grosso e na Bahia – ele vai reiterar a tese de que, ao saber o quanto paga em impostos, o cidadão vai exigir que eles sejam melhor aplicados pelos governos. E, de preferência, que os valores sejam investidos perto de sua casa, onde as pessoas têm mais condições de fiscalizar a atuação dos políticos. Daí a necessidade de uma reforma fiscal que eleve o porcentual de impostos repassado aos municípios, hoje em 15%. Atualmente, a União embolsa 60% do que é recolhido e os estados outros 25%. Para Afif Domingos, uma redistribuição das funções e um enxugamento os gastos reduziriam a carga tributária dos atuais 37,85% para 27%. Confira a seguir trechos da entrevista que o empresário concedeu à Gazeta do Povo:

Como o setor privado vê a exigência de incluir o valor dos impostos no rodapé da nota fiscal de cada produto ou serviço?

Estamos tendo uma resposta muito positiva do setor privado. Afinal, ele está cansado de ser acusado de ladrão. Quando os preços aumentam, é fácil dizer que a culpa é do especulador, do comerciante. Enquanto isso, a carga tributária vai atingindo patamares insuportáveis. Por isso, precisamos mostrar quem é que paga. O povo tem que saber.

O que pode acontecer quando o consumidor tiver noção de quanto paga em impostos?

Veja o que acontece nos Estados Unidos. Lá, o preço que aparece nas etiquetas dos produtos é o valor liquido, sem impostos. Agora imagine se no Brasil você ver na televisão uma propaganda anunciando um carro a R$ 15 mil e, chegando à concessionária, perceber que tem que pagar mais R$ 10 mil em impostos. O consumidor não vai gostar, claro. Vai lembrar que paga imposto, mas que mesmo assim também precisa pagar a escola, a saúde e tudo mais. Então vai perceber que alguma coisa não está funcionando.

E como mudar o histórico de má aplicação dos impostos no Brasil?

Temos que levar em conta que a corrupção vem da centralização do poder. E isso só se muda com uma reforma fiscal. É preciso colocar mais recursos nas mãos dos municípios, porque para o cidadão é mais fácil vigiar o poder municipal do que o poder federal. Tenho certeza de que quando houver uma redistribuição das funções, poderemos diminuir a carga tributária em 10 pontos porcentuais. O princípio é deixar nas mãos de cada nível – municipal, estadual e federal – aquilo que ele souber fazer melhor que os demais. Com isso, a carga tributária no Brasil não precisará ser superior a 27% do PIB, e teremos maior qualidade com menor custo, abrindo espaço para a iniciativa privada finalmente poder decolar. (FJ)

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