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Brasília – Um dia depois de o Banco Central (BC) ter anunciado um volume recorde de US$ 59 bilhões de ingresso de capital externo no Brasil no primeiro semestre, empresários pediram ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a adoção de medidas para conter esse movimento e forçar uma desvalorização do real frente ao dólar. No encontro, os empresários alertaram Mantega para a perda de competitividade das exportações brasileiras no mercado internacional com o dólar em queda, sobretudo de produtos manufaturados.

"O governo tem de ter consciência do que está acontecendo para poder nos ajudar. Não há solução mágica. Existem inúmeras medidas possíveis, regulatórias, tributárias, que podem melhorar a competitividade brasileira", afirmou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, escolhido como porta-voz do grupo.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, expressou sua preocupação com a tendência de haver pressões cada vez mais fortes sobre o câmbio.

Monteiro e Giannetti defenderam o fim da isenção do Imposto de Renda (IR) para as aplicações em títulos públicos feitas pelos investidores estrangeiros. O presidente da CNI reconheceu que o empresariado apoiou a medida quando ela foi adotada, em fevereiro de 2006, porque via nela uma forma de obter mais recursos para o crédito no mercado interno. "Mas agora o quadro é diferente", disse. "Essa isenção é um absurdo", reforçou Giannetti.

Para o diretor da Fiesp, o governo precisa agir rápido sobre o câmbio. "O custo de reversão do problema vai ficando mais elevado", afirmou. Na sua avaliação, os dados positivos da economia, impulsionados pela "liquidez internacional fabulosa", mascaram os problemas enfrentados pelo empresariado brasileiro. "Vivemos de novo uma fase de ilusão, de auto-engano."

Giannetti classificou de "anormal" o fluxo de capital externo para o país, que está provocando uma sobrevalorização excessiva do câmbio. "Os bancos estão em posição ostensivamente vendida, e nós vamos pagar o pato", afirmou.

Mantega não quis comentar os temas abordados na reunião. Ele afirmou apenas que é "normal" a discussão com o setor empresarial.

Tributos

O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, aproveitou a reunião para defender a inclusão na proposta de reforma tributária de um teto para a carga tributária do país. Com esse teto, o governo teria que acelerar as desonerações tributárias para impedir o aumento da carga. "Nós entendemos que a reforma tributária tem que incluir essa previsão de não aumento da carga", disse o empresário. Segundo ele, a fixação do teto se refletiria na necessidade do governo de cortar gastos.

Também participaram da reunião o presidente do Sindicato das Indústria, de Açúcar e Álcool de Alagoas, José Robério Nogueira, o empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, do Grupo JP, também do setor sucroalcooleiro, e os economistas Luiz Gonzaga Beluzzo, da Unicamp, e Heleno Torres, da USP, além dos principais auxiliares de Mantega no Ministério da Fazenda.

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