• Carregando...
Wilson Simas (no centro, de camisa cinza), da AE Park, e sua equipe: retorno da capacitação são clientes mais satisfeitos | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Wilson Simas (no centro, de camisa cinza), da AE Park, e sua equipe: retorno da capacitação são clientes mais satisfeitos| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

O mercado de trabalho tem tudo para manter sua expansão em 2010, o que vai agravar um problema que foi sentido pelas empresas pouco antes do início da crise: a falta de mão de obra qualificada. A saída encontrada por diversas companhias tem sido assumir os custos de capacitação dos seus funcionários. Em alguns casos, a alternativa é contratar estrangeiros."Capacitação de mão de obra é, de fato, um problemão. Na prática, precisamos encontrar funcionários na China e nos Estados Unidos", diz Marcel Malczewski, presidente da empresa de automação comercial Bematech. Com dois centros de desenvolvimento de produto no país – na matriz curitibana e em Campinas (SP) – e outros dois no exterior – Long Island (EUA) e Taipei (Taiwan) –, ele afirma que consegue garimpar com mais facilidade os profissionais para pequisa e desenvolvimento de produtos.

"A Bematech não contrata em Curitiba, contrata no mundo inteiro, mas temos tido dificuldade em encontrar pessoas. O próprio topo da gerência da nossa empresa não fala ‘paranês’, há muitos sotaques diferentes. Mas isso é um problema mundial, não só brasileiro. A tecnologia anda muito rapidamente, então achar gerente, diretor e mesmo técnico qualificado é bem complicado", conta.

A formação interna, de acordo com ele, é uma questão de "preparar talentos para o futuro". Recentemente, a empresa intensificou o processo de formação de trainees e contratação de estagiários. "A criação da Universidade Bematech, de certa forma, nasceu em parte com essa função de preparar dentro de casa as pessoas que daqui para a frente vão fazer diferença no nosso negócio."

Oficinas

Mas a carência de especialistas não está só no topo da cadeia da tecnologia. Oficinas mecânicas, que antigamente contratavam profissionais de formação prática e escolaridade baixa, nos últimos anos passaram a requerer qualificação constante. O motivo é o grau de tecnologia embarcada nos veículos, que exige conhecimentos em eletrônica e sistemas de controle "Depen­dendo dos opcionais do veículo, como freio ABS, computador de bordo e air-bag, ele vai ter seis, até oito módulos eletrônicos. Então o mecânico hoje precisa ter conhecimento para operar os equipamentos de diagnóstico, para fazer cálculos", explica o proprietário da AE Park Oficina Mecânica, Wilson Simas.

Os profissionais qualificados nesta área são bastante disputados e os salários podem chegar a R$ 2,5 mil, no caso de um profissional com pelo cinco anos de experiência. O salário médio fica na casa de R$ 1,2 mil para empregados com pelo menos dois anos de profissão, segundo dados do Sindicato das Empresas de Reparação de Veículos (Sindirepa-PR).

"É muito difícil encontrar um profissional desta área que se interesse por qualificação. Hoje mecânico é que nem médico, ele precisa se atualizar constantemente, conhecer os sistemas novos que as fábricas estão lançando no mercado", diz o presidente do sindicato, Wilson Bill. Segundo Bill, apenas na capital e região metropolitana as oficinas têm condições de absorver entre 3 mil e 5 mil mecânicos capacitados. "Essas vagas são ocupadas com gente pouco qualificada. Se houvesse mais profissionais no mercado, seriam contratados imediatamente", diz.

Para Simas, bancar a qualificação dos funcionários sai caro, mas compensa. Além da baixa rotatividade da equipe – cerca de 24 dos seus 40 empregados está na casa há mais de quatro anos –, ele afirma que a clientela sabe valorizar mecânicos capacitados. "O cliente gosta de chegar na oficina e ser recebido pela mesma pessoa que lhe atendeu da última vez. Isso facilita a conversa e aumenta a confiança nos serviços", explica.

Capacitar um funcionário para operar sistemas de injeção eletrônica, por exemplo, custa aproximadamente R$ 2 mil, sem contar o salário nos períodos de aula e eventuais viagens para realizar o curso. "Se a empresa estiver na informalidade, não for sindicalizada, e não tiver apoio do Sistema S, o custo dos treinamentos chega a dobrar", completa o empresário.

Construção

O setor da construção civil é outro dos que vão precisar acelerar o passo da qualificação. Passando por um boom no número de lançamentos causado pelo crescimento do crédito e pelo programa Minha Casa Minha Vida, as construtoras do Paraná já contrataram mais de 10 mil pessoas neste ano. Segundo Marcos Kahtalian, consultor do Sinduscon, sindicato que representa a indústria, as empreiteiras ainda têm dificuldade para contratar trabalhadores qualificados, como mestres de obras e carpinteiros.

"As construtoras têm investido em programas de qualificação e eles terão de ser ampliados", avalia. O próprio Sinduscon tem projetos dentro do Planseq, um plano nacional de capacitação para o setor criado pelo governo federal. "Mas, pelo ritmo dos lançamentos, boa parte da qualificação vai ser no canteiro de obras mesmo." O consultor destaca que a construção é uma opção interessante para quem busca voltar para o mercado formal de trabalho e destaca o aumento no número de mulheres trabalhando no setor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]