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A união faz a força. A expressão é batida, mas é usada com freqüência por quem aponta os segredos para o sucesso da economia solidária. "A idéia desse modelo não é que somente uma empresa cresça, e sim que faça isso criando oportunidade para empresas parceiras", explica Antoninho Caron, professor de Estratégias Empresariais e Negociações Internacionais da Unifae. "O sucesso de uma depende do da outra."

Atuar em conjunto aumenta a produtividade e reduz o custo, o que gera um lucro maior – princípios notadamente capitalistas, mas que aumentam o tamanho do bolo a ser dividido de modo "socialista". "Até mesmo as empresas solidárias estão inseridas no capitalismo, e têm de lutar com as armas dele", comenta Lucimara Inácio do Prado, da Unisol Brasil.

Juntas, as cooperativas de coleta de lixo reciclável, por exemplo, têm um poder de barganha bem maior para negociar preços com os compradores. "Quem trabalha sozinho na rua está vendendo as embalagens de amaciante por R$ 0,30 por quilo. A cooperativa central consegue ganhar o dobro disso", revela o presidente da maringaense Cocarema, Jesus Aparecido Montelo.

Ademir Dallazen, que mora em Francisco Beltrão, é sócio da Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar (Clafi). Trabalhando sozinho, receberia R$ 0,30 pelo litro de leite produzido em sua propriedade – na Clafi, ganha R$ 0,40. Graças a cooperativas de crédito rural como a Cresol, também inseridas na economia solidária, pegar empréstimo ficou menos burocrático e mais barato, afirma Dallazen.

"Com a união de cooperativas também é mais fácil pagar assistência técnica. E assim descobrimos que não adianta discutir só o preço, temos que reduzir o custo de produção", diz o pecuarista, que preside a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes-PR). Uma das medidas para isso foi, por sugestão dos técnicos, investir mais em pasto e reduzir o gasto com ração. "Com a ração, a gente gastava o equivalente a R$ 0,25 por litro de leite produzido. Agora são R$ 0,15", comemora Dallazen.

Algumas redes de empresas solidárias já não se limitam a apenas um segmento. A Unisol Brasil reuniu cooperativas de várias partes do país na chamada "cadeia do algodão". O produto é plantado no Nordeste, fiado em São Paulo, transformado em tecido no Rio Grande do Sul e a roupa, confeccionada em terras paulistas. Uma empresa paranaense já está tentando se infiltrar nessa rede: a Cooperativa Maringaense de Bordados (Coomab). "Antes, a gente só bordava enxoval. Mas depois passamos a bordar roupas também", explica a presidente da Coomab, Lílian Mozer. Com 23 cooperadas, a Coomab produz de 2 mil a 3 mil peças por mês – eram 200 em outubro de 2003, na época da fundação. "Hoje, conseguimos produzir para atacado, o que era impossível antes da cooperativa." (FJ)

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