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A Brascan Energética S/A (Besa), geradora de energia especializada em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), vive uma situação curiosa. Ligada ao grupo Brascan, que atua há mais de cem anos no Brasil, a Besa opera 15 PCHs em cinco estados do país – e todas são controladas à distância por 110 pessoas, a partir da sede da empresa, em Curitiba. Apesar disso, apenas duas das PCHs da Besa estão em território paranaense, e as demais estão distribuídas por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Outras três pequenas centrais começam a ser construídas até o fim deste ano, em Santa Catarina e Minas Gerais.

A empresa tem vários projetos no Paraná: pelo menos seis usinas conseguiram há alguns anos, autorizações preliminares da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No entanto, os processos de licenciamento ambiental foram suspensos há quatro anos pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), por determinação do governador Roberto Requião. Desde então, nem a Besa nem qualquer outra geradora conseguiu construir PCHs.

Considerando-se a capacidade total das usinas planejadas pela Besa (133 megawatts) e a de outros 26 projetos autorizados pela Aneel, a potência barrada pelo IAP chega a 440 megawatts (MW), suficiente para uma cidade com 1,3 milhão de habitantes. Estima-se que o investimento total nesses projetos seria próximo de R$ 1,5 bilhão. Além disso, há quase 40 projetos que não avançam na Aneel em razão do fim dos licenciamentos.

"As PCHs viveram uma expansão impressionante no Brasil. Há cinco anos, elas nem eram vistas como opção. Quem alavancou sua expansão foi o Proinfa [Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, do governo federal], em 2003", disse ontem o diretor de investimentos da Besa, Ademar Cury da Silva, em palestra do ciclo de debates Cenário Brasil. Sem comentar o embargo às pequenas usinas no Paraná, o engenheiro propôs que os critérios usados pelos órgãos ambientais de diferentes estados sejam padronizados.

Segundo ele, as PCHs em operação no Brasil já representam uma potência de 1,7 mil MW, e outros 1,15 mil MW virão de usinas em construção. Contando com os projetos em estudo, o total de energia nova disponível nos próximos anos deve ultrapassar 8,5 mil MW – mais que a soma das duas usinas gigantes que serão erguidas no Rio Madeira, em Rondônia. Com a diferença que, em razão dos reservatórios reduzidos, as PCHs têm impacto ambiental bem menor.

"Além de a PCH produzir energia limpa e renovável, sua construção é rápida e geralmente ocorre em municípios menores. Como as obras de cada usina geram de 300 a 400 empregos, há um aquecimento da economia local", disse o diretor da Besa. (FJ)

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