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No ano passado, a subsidiária brasileira da HP resolveu encomendar um estudo sobre o Brasil para a consultoria americana IDC. A idéia era mostrar para a matriz e para clientes internacionais as oportunidades que existiam no País, quando comparado a outros emergentes. "Naquela época, existia uma tremenda discussão se o Brasil fazia sentido, ou se o B dos Brics tinha morrido", diz Denoel Eller, diretor de Marketing e Alianças da HP. "A HP vinha investindo no Brasil, mas menos do que nos outros Brics. Havia uma imagem de que o País não estava crescendo, que tinha violência e instabilidade."

No meio do caminho, enquanto o estudo era feito, a situação mudou. Em 2007, foram vendidos 10,7 milhões de microcomputadores no País, o que tornou o Brasil o quinto maior mercado de PCs do mundo. A expectativa é que ele se torne o terceiro maior até 2010, atrás somente da China e dos Estados Unidos. Um exemplo da mudança foi o interesse da imprensa internacional em relação ao País.

Neste ano, o atual presidente da subsidiária brasileira, Mário Anseloni, visitou a matriz, nos EUA, e teve de dar uma entrevista coletiva para os americanos. "Eles acabaram surpresos ao saber, por exemplo, que o mercado brasileiro de software e serviços de tecnologia é maior que o de equipamentos", conta Eller.

O estudo da IDC mostrou que, entre os Brics, o Brasil só perde para a China no volume de investimentos em tecnologia. Quando se analisa, porém, o total de investimentos como porcentual do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil está à frente, sendo o único entre os emergentes com gastos maiores que 2% do PIB. "Isso coloca o Brasil ao lado de países como Japão, França e Alemanha", afirma Roberto Gutierrez, diretor de Consultoria da IDC Brasil.

O mercado de tecnologia no País deve crescer três vezes mais que o PIB nos próximos quatro anos, a maior taxa entre os Brics. O da China, por exemplo, deve aumentar 1,43 vez em relação à economia em geral. O estudo da IDC também mostrou que o Brasil está em uma situação melhor no que diz respeito à estabilidade e à liberdade econômica. Como resultado, a HP conseguiu da matriz a contratação de 800 pessoas para o setor de serviços.

A mudança na imagem do Brasil fez com que a fabricante de computadores Dell nomeasse o brasileiro Fernando Loureiro diretor global de Mercados Emergentes, há cerca de um ano e meio A divisão não existia e foi criada como uma das cinco iniciativas mundiais da empresa para acelerar o crescimento. O executivo continua sediado no Brasil, de onde comanda a divisão. "Pouquíssimos países receberam destaques em todos os relatórios da Dell nos últimos trimestres, como foi o caso do Brasil", afirma Loureiro.

A situação atual contrasta bastante com o que acontecia há cinco ou seis anos, quando o mercado de PCs era pequeno e dominado pelos chamados fabricantes cinzas, que sonegam impostos e usam peças contrabandeadas. O corte de impostos federais, o câmbio favorável, o avanço do financiamento e a melhora da situação econômica mudaram a situação. "Em 2002, chegamos a pensar em deixar o País", diz o diretor da Dell.

A Dell, que prosperou com um modelo de venda direta de computadores, começou a ir para o varejo, e o mercado brasileiro foi um dos pioneiros no movimento. "Fizemos uma série de ações fortes com varejistas como o Wal-Mart e o Ponto Frio", explica Loureiro.

Outra empresa que recebe reflexos positivos do aumento na venda de PCs é a Microsoft. Em julho, o Brasil ganhou um prêmio da corporação como a melhor subsidiária de países emergentes. A redução do chamado mercado cinza levou a uma queda na pirataria de software, que beneficiou a Microsoft.

Além do crescimento do mercado, a diretora de Marketing e Negócios da companhia, Paula Bellizia, afirma que a Microsoft Brasil tem obtido bons resultados por causa de suas estratégias de aumento dos escritórios regionais, do número de empresas-parceiras e de profissionais treinados em suas tecnologias.

"No último ano, abrimos oito escritórios regionais no Brasil, chegando a 13 escritórios", diz a executiva. "Ainda existe um potencial de crescimento muito grande no Brasil, tanto em tecnologia quanto em educação."

Espanha

O Brasil recebe, assim como a China, 27% dos investimentos espanhóis. O segundo destino são os Estados Unidos. Em 2013 e 2014, o País ficará, sozinho, com um terço dos recursos vindos de empresas da Espanha, segundo levantamento anual da consultoria KPMG. A disputa pela segunda posição ficará entre China, EUA e França.

"A Espanha já é e será o maior parceiro do Brasil. Ela já tem empresas atuando aqui em áreas estratégicas como estradas, energia, infra-estrutura, bancos e telefonia", diz a sócia da KPMG, Marienne Munhoz.

A força dos espanhóis ficou explícita em dois episódios recentes: a compra do ABN Amro Real pelo Santander e o resultado do leilão de rodovias federais. Duas empresas da Espanha, OHL e Acciona, levaram seis dos sete lotes ofertados.

Para o diretor financeiro da Repsol, Eric Cioni, os investimentos espanhóis são de longo prazo. A Repsol fez sua estréia no País há dez anos em uma parceria com a Petrobrás. Hoje tem 23 blocos de exploração (é a segunda maior depois da Petrobrás) e opera 11 deles. Atua em refino e distribuição de combustível, com uma rede de 320 postos. "O Brasil representa apenas 4% das receitas da Repsol no mundo (o faturamento da subsidiária brasileira no ano passado foi de US$ 2,8 bilhões). Mas é uma grande promessa."

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