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“Numa sociedade como a nossa, baseada no tijolo e na renda fixa, popularizar a ação e o investimento de longo prazo exige a reconstrução de valores.”

Raymundo Magliano Filho, autor do livro e presidente da Bovespa entre 2001 e 2008 | Hedeson Alves/Arquivo Gazeta
“Numa sociedade como a nossa, baseada no tijolo e na renda fixa, popularizar a ação e o investimento de longo prazo exige a reconstrução de valores.” Raymundo Magliano Filho, autor do livro e presidente da Bovespa entre 2001 e 2008| Foto: Hedeson Alves/Arquivo Gazeta

No 1º de maio de 2001, quem participou das comemorações do Dia do Trabalho, organizada pela Força Sindical, em São Paulo, deparou-se com uma cena inesperada: no meio da festa, num estande armado pela então Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo, promotores explicavam aos operários e suas famílias os princípios do mercado acionário. No 1º de maio do ano seguinte, criou-se o "Bovespa vai à Fábrica", parte de uma campanha que levou a bolsa a lugares até então impensáveis: à escola, ao parque, à praia, ao metrô, ao shopping.

Esses e outros detalhes do trabalho de popularização do mercado acionário, que fez a bolsa bater recordes de lançamentos e de compras de ações no período ao longo da década passada, estão descritos no livro A Força das Ideias para um Capitalismo Sustentável.

O autor, Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa de 2001 a 2008, não apenas presenciou as mudanças como foi autor de muitas delas. "No mercado de capitais, a cultura é oral e eu quis deixar por escrito a experiência do que foram aqueles anos", diz.

Apesar de ser breve (são apenas 110 páginas), o livro faz uma reflexão sobre o simbolismo desse período para a cultura financeira do país. "Numa sociedade como a nossa, baseada no tijolo e na renda fixa, popularizar a ação e o investimento de longo prazo exige a reconstrução de valores", diz.

Inclusão

O principal recado deixado por Magliano é que bolsa pode ser um investimento de risco, mas é essencialmente um espaço para a inclusão quando tem regras claras e acessíveis para a maioria. "Com uma ação, qualquer pessoa pode usufruir do lucro de uma empresa", diz.

Magliano torce para que a efervescência daquele época volte. "Os tempos são outros, não teríamos espaço hoje para fazer o que fizemos naqueles anos." Mas os números mostram que o legado ficou. Em 2002, a bolsa tinha 86,2 mil investidores pessoa física. Atualmente, mesmo com a crise internacional, são 568,2 mil.

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