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Futuro e passado dos programas de treinamento da PwC: Bernardo Michelotto, 19 anos e recém-contratado, e Mario Tannahauser, hoje um dos sócios da empresa | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Futuro e passado dos programas de treinamento da PwC: Bernardo Michelotto, 19 anos e recém-contratado, e Mario Tannahauser, hoje um dos sócios da empresa| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo
  • Confira alguns dos programas que abrem todos os anos

Em 1992, Mario Tannahauser, recém-formado em Ciências Contábeis, passou no programa de trainee da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) Brasil. Hoje, quase 20 anos depois, ele é um dos sócios da empresa e acompanha o crescimento de Bernardo Michelotto, de 19 anos, trainee que acaba de ser contratado pela consultoria. Se muita coisa mudou nesse período? "A nossa base de formação técnica foi praticamente a mesma. Mas mudam a profissão, que no nosso caso é a área de auditoria, e o processo de como auditar, que vem evoluindo", conta Mario.

A estrutura dos programas de trainee realmente mudou pouco nos últimos anos. Há análise de currículo, provas, dinâmica e entrevistas. A diferença mesmo está no maior rigor dos treinamentos e, principalmente, na concorrência mais acirrada. "Há processos com 20 vagas para seis mil candidatos. Muito mais concorrido, e tão difícil ou mais, do que um vestibular", explica Bernardo Entschev, presidente da consultoria De Bernt Entschev. O domínio do inglês, por exemplo, que antes era visto como uma vantagem, atualmente é exigido em todas as áreas, em qualquer nível. "O diferencial é uma terceira língua ou um curso no exterior", diz ele.

Mas a principal arma de um trainee, segundo Manoela Costa, gerente da Consultoria Page Talent, de São Paulo, é o comportamento. "Atitude é a palavra, e a gente vê isso no jovem que desde a faculdade participa de algo, mesmo sem remuneração. É um estágio, um trabalho voluntário, algo para fazer a diferença", diz.

Destaque-se

Bernardo Michelotto, que começou recentemente na PwC, sabe: "Tenho de dar o meu máximo, e vão me avaliar durante todo o meu trabalho. Ainda mais porque, conforme o meu desempenho, a firma oferece um plano de carreira que possibilita promoção todos os anos", conta. E dar o máximo de si significa, não só para o Bernardo, conseguir se destacar no grupo de forma positiva.

Para Isabela Garbers, curitibana que fez, em 2008, o trainee da Companhia de Bebidas das Américas, a Ambev, e hoje é gerente corporativa de Gente e Gestão da empresa, é essencial que o candidato, antes e durante o processo, pesquise tudo sobre a organização. "É a melhor preparação. E não só pesquisar o que ela representa no mercado, mas a cultura, os valores, no que a empresa acredita. Se houver empatia, você acaba ficando confiante no trabalho", diz. Além disso, sinceridade, empreendedorismo e novas ideias são características que fazem a diferença. "Tem de ter aquele brilho no olho, correr atrás."

O outro lado da moeda

Os programas de trainee formam funcionários cada vez mais jovens, que são contratados, muitas vezes, até durante a faculdade. Nesse cenário de busca por dinamismo e agilidade, como ficam os funcionários mais velhos? Há 6,5 milhões de idosos ativos no mercado de trabalho brasileiro segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, o que corresponde a 29% das pessoas com mais de 60 anos. O número é 35% maior do que em 2001.

Para Armelino Girardi, consultor e autor do livro "Desaposentado melhor agora", há um esforço das redes de supermercado e de alguns outros setores para contratar funcionários com mais de 60 anos. "Mas, infelizmente, há muitos que ficaram fora do mercado de trabalho, que não foram valorizados pela empresa em que trabalhavam antes de se aposentar", diz. Para ele, a corporação perde a sabedoria e a experiência dos mais velhos, que poderia ser aliada à agilidade dos mais jovens. "A geração mais nova é muito ansiosa, precisa ser ainda preparada para passar por momentos de crise, de mudança, coisa que a geração que está nos 50 e 60 já viveu", afirma.

Mas para cargos de direção de multinacionais ou empresas de grande porte o caminho é outro. "Há cinco anos as empresas experimentaram diretores muito jovens e isso não funcionou bem. Hoje há investimento nesses funcionários, principalmente em nível gerencial", explica Bernardo Entschev. Para aproveitar os colaboradores mais velhos, no entanto, acrescenta Armelino, é preciso que eles se atualizem sempre, como fazem os mais jovens. "Tem gente que parou no tempo. Tem de se atualizar, fazer curso, estar nas redes sociais e se motivar para o trabalho", observa.

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