Para o economista Christian Silva, coordenador do mestrado em economia do Centro Universitário FAE (UniFAE), a China usa a competitividade espúria, ou seja, a exploração máxima dos recursos. Na entrevista abaixo, ele reconhece que o Brasil tem sido cauteloso em suas relações com o país, e defende que essa ponderação deve continuar.
Como o senhor avalia a relação comercial da China com o Brasil?É uma relação de cautela. Para o Brasil há uma esperança em relação ao mercado chinês, um mercado fantástico, por outro lado há a entrada de produtos chineses no Brasil e no resto do mundo com preços muitos baixos.
A China vai passar a produzir produtos de melhor qualidade? Hoje o principal recurso dos chineses, mais do que a tecnologia, é a mão de obra. Mas este perfil está se alterando com implantação de parques tecnológicos. Politicamente eles são menos democráticos, o que para produtividade é bom, pois há menos discussão. O governo chinês tenta minimizar as pressões sociais dando um pouco mais do que o mínimo. Mas não sabemos até que ponto este modelo de produção é sustentável. No último Fórum de Davos o pilar da discussão oscilava entre China e Índia. Na Índia há crescimento, mas há uma preocupação forte com formação tecnológica e acadêmica, o que resulta num desenvolvimento de forma mais estruturada.
Qual é o ponto fraco da China?A China foca-se na competitividade espúria, como chamamos na economia, que é a exploração máxima dos recursos que você pode utilizar. E este é o seu calcanhar de Aquiles. Em curto prazo este modelo pode funcionar, mas ainda não sabemos se pode se manter. De qualquer forma pode ser um grande problema para o Brasil. Se o modelo chinês não perdurar no futuro podemos não ter mais como comprar da China e, até lá, corremos o risco de ter a nossa indústria derrubada pela concorrência desleal de agora. Então estaremos descapitalizados e com dificuldades de recuperar a indústria que teve que ser fechada. Neste caso, o mercado pode sofrer impactos inflacionários. O barato pode sair bem caro.
O que o país pode fazer?Tem de haver uma estratégia para a indústria nacional, através de políticas públicas ou de demandas das associações de classe. O governo precisa avaliar os prós e contras da política internacional. Deve haver uma relação internacional ponderada. O Brasil, como exportador, deve negociar a abertura no comércio internacional com a China. Deve haver uma negociação em duas mãos. O que estimula as empresas de todo o mundo é o mercado deles. E eles se utilizam do mercado para fazer a negociação.
O que o Paraná pode fazer? Quanto mais o estado depender da venda de commodities, mais fica vulnerável aos preços do mercado internacional. Temos que vender outros produtos com mais tecnologia e com maior valor agregado. O que já ocorre com motores e com tecnologia. Os chineses tem visão, tem estratégia a longo prazo e um governo que ajuda a nortear. Eles estão certos, deveríamos fazer o mesmo.(ML)
-
Tragédia humanitária e econômica: chuvas derrubam atividade no RS e vão frear o PIB nacional
-
Julgamento de Moro no TSE pode fixar limites para gastos na pré-campanha
-
Ao demitir Prates, Lula se proclama o dono da Petrobras
-
Governo tentou manter “saidinhas” de presos em troca de não criar novo crime de “fake news”
Com gestão acolhedora das equipes, JBA se consolida entre maiores imobiliárias da capital
Tragédia humanitária e econômica: chuvas derrubam atividade no RS e vão frear o PIB nacional
Governo eleva projeção para o PIB, mas não põe na conta os estragos no Rio Grande do Sul
Movimentação de cargas cai pela metade e derruba arrecadação do Rio Grande do Sul
Deixe sua opinião