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Mutuários renegociam sua hipoteca, em evento na Flórida: estado tem a pior porcentagem de hipotecas com problemas | Joe Raedle/AFP
Mutuários renegociam sua hipoteca, em evento na Flórida: estado tem a pior porcentagem de hipotecas com problemas| Foto: Joe Raedle/AFP

Estrago

Três anos depois, subprime ainda deixa vítimas

Quatro estados americanos estão com hipotecas problemáticas, representando mais de 10% do total de hipotecas. A Flórida lidera o ranking, com 19%, considerando inclusive execuções de hipotecas. Nevada aparece com 16% de hipotecas problemáticas; Nova Jersey tem 11,2% e Illinois, 10,5%.

Poucos estados americanos têm hoje um fundo para "dias de chuva" ou "rainy days funds", que são fundos de emergência que podem ser usados em caso de alguma catástrofe ou recessão, por exemplo. Mas a perspectiva de recessão no país também pode reduzir a capacidade dos estados de fazerem essa poupança.

Segundo o National Conference of States Legislatures (NCSL), os estados com maior fundo para dias de chuva são Alasca (US$ 13,7 bilhões), Texas (US$ 5 bilhões), Massachusetts (US$ 1,2 bilhão), Nova York (US$ 1,2 bilhão) e Wyoming (US$ 1 bilhão). Juntos, esses estados representam 75% de todos os "Rainy Day Funds" nos Estados Unidos.

Nova York - Com as perspectivas sombrias para a economia dos Estados Unidos, com menos crescimento e com o governo apertando os cintos no lado dos gastos, os estados e municípios americanos devem se preparar para um 2012 difícil, avaliam economistas. Muitos estados nem conseguiram se recuperar da crise de 2008, seguem muito endividados e já enfrentam o fantasma de outra recessão.

"Os anos fiscais de 2012 e 2013 poderão ser de fato mais duros e veremos um aumento nos downgrades. E, ao contrário do que ocorreu em 2008 e 2009, não podemos esperar ajuda adicional federal", observa o diretor de pesquisa municipal da Evercore Wealth Management, Howard Cure. O ano fiscal de 2012 nos Estados Unidos começa no dia 1.º de outubro e vai até setembro do ano que vem. Segundo Cure, os estados contam especialmente com as receitas vindas dos impostos de vendas e renda, e em terceiro os tributos corporativos, cuja arrecadação deve cair caso o país entre em nova recessão.

"Outro problema é que, mesmo que as receitas não caiam significativamente, a taxa de desemprego ainda alta coloca um freio nos gastos, como nos programas de saúde para aqueles que não têm plano privado e também no sistema de educação pública", salienta o diretor da Evercore Wealth Management.

Para Michael Gapen, ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e diretor do Barclays Capital, uma nova recessão nos Estados Unidos pode trazer uma piora adicional na situação dos estados. "A maioria dos estados já está indo um pouco melhor, impulsionados de algum modo por receitas melhores de impostos e alguma melhora na economia", diz.

Adaptação

Segundo relatório do National Conference of States Legis­latures (NCSL), de julho deste ano, os estados americanos não estão recuperados, mas em recuperação. "Creio que o principal desafio para os estados será o de se adequarem ao cortes federais, uma vez que o governo americano tenta reequilibrar seu orçamento sem aumentar impostos. Isso deve acabar afetando áreas como saúde, transporte, financiamento estudantil e subsídios imobiliários", afirma Cure. "Os governos locais, por sua vez, irão sentir os efeitos do reequilíbrio dos orçamentos estaduais e terão de se adequar fazendo cortes ou realinhando seus programas", acrescenta o diretor da Evercore Wealth Mana­ge­ment.

Alguns estados americanos, ainda que em processo de recuperação, podem estar mais próximos de uma recessão, seja por dependerem mais do governo ou por ainda enfrentarem muitos problemas com o mercado imobiliário, avalia Cure. "Mary­land e Virgínia, por exemplo, dependem pesadamente de contratos de licitações federais que podem ser cortados. Se o mercado imobiliário continuar a se deteriorar, estados muito dependentes de crescimento, como Nevada, Flórida e Ari­zona, podem sofrer", explica o diretor. "Se houver problemas nos serviços financeiros, a área de Nova York sai perdendo. Se o dólar se fortalecer, estados manufatureiros e que exportam bens, como Ohio e Illinois, devem ser atingidos", prevê.

Calote era previsto para este ano

A economista Meredith Whitney, que em 2007 chacoalhou Wall Street com seu relatório negativo sobre o Citibank, errou ao prever a crise de bônus municipais deste ano. No fim do ano passado, a economista previu defaults em massa de bônus municipais em 2011, um mercado que movimenta perto de US$ 3 trilhões. Na época em que Meredith fez sua previsão, os também chamados "munibonds" estavam em queda. Mas desde o início do ano até hoje, o iShares S&P National Municipal Bond, cuja capitalização de mercado é de cerca de US$ 2,2 bilhões, acumulava alta de 7,19%. Em 12 meses, contudo, a queda é de 0,84%, refletindo o desempenho do ano passado – em 2009, os munibonds voltaram a cair, depois de se recuperarem das perdas de 2008, no auge da crise.

"Não esperamos defaults massivos. A maioria dos municípios está com suas economias relativamente estáveis e apenas precisam de vontade política para reequilibrar seus orçamentos, seja via corte de gastos ou aumento de impostos", avalia o diretor de pesquisa municipal da Evercore Wealth Management, Howard Cure. "E a maioria dos governos não vai querer se arriscar a cair fora do mercado de crédito declarando default. A questão é saber se as pessoas estão prontas para pagar pelo tipo de governo que desejam", completa.

Queda

De acordo com dados do site Distressed Debt Securities, na primeira metade deste ano cerca de US$ 750 milhões de bônus municipais tiveram default; o valor representa uma queda de 60% em relação aos US$ 2,3 bilhões de defaults do mesmo período de 2010 e dos US$ 4,89 bilhões em 2009. Meredith Whitney previu que os defaults municipais iriam ultrapassar "centenas de bilhões de dólares" neste ano.

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