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Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas | Reprodução
Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas| Foto: Reprodução

Produção

Safra atual está "rendendo" 11% menos neste ano

A produção de etanol da safra atual (2012/13) caiu 11% em relação ao ciclo passado. Do início de abril até a metade de setembro, as usinas do Centro-Sul – principal região produtora do país – produziram 13,7 bilhões de litros do combustível. No mesmo período de 2011, o volume acumulado era de 15,4 bilhões de litros. A produção de etanol hidratado (usado nos carros flex) caiu cerca de 13%, para 8,3 bilhões de litros, e a de álcool anidro (misturado à gasolina) baixou 9%, para 5,4 bilhões de litros.

Os números foram divulgados ontem pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Eles refletem a queda na colheita de cana-de-açúcar, provocada por problemas climáticos e pela baixa renovação dos canaviais ao longo dos últimos cinco anos, período marcado pela falta de capital de giro em boa parte do setor.

Em geral uma planta "dura" cinco safras, mas o ideal é substituí-la antes disso, pois, quanto mais velha, menos ela rende. A taxa de renovação melhorou neste ano, mas não a ponto de compensar a baixa produtividade das lavouras mais antigas. Segundo o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), hoje a idade média dos canaviais brasileiros é de 3,5 anos, inferior apenas à de 2011 e 2000.

Na semana passada, a Unica rebaixou sua projeção para a produção de álcool nesta safra, de 21,5 bilhões de litros para 21,1 bilhões de litros. Apesar disso, a previsão atual ainda sugere que, ao fim do ciclo, haverá um incremento na produção em relação à temporada 2011/12, quando foram produzidos 20,5 bilhões de litros de álcool.

Consumo

O uso do álcool está em queda pelo segundo ano seguido. De janeiro a julho, as distribuidoras venderam 389 milhões de litros do produto no estado, 26% menos que no mesmo período de 2011, segundo a ANP. No ano passado, as vendas já haviam despencado 40% em relação a 2010.

A forte queda no consumo de etanol já se reflete nos preços. Mas o custo do produto ainda não caiu o bastante para restabelecer sua competitividade em relação à gasolina, que ainda é a opção mais econômica para os carros flex. A última vez em que valeu a pena encher o tanque com álcool em Curitiba foi em junho de 2011, 15 meses atrás.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desde o início do mês o litro do etanol tem sido vendido por R$ 1,83, em média, na capital paranaense. Esse valor, o mais baixo do ano, é 6,5% inferior ao cobrado no mesmo período de 2011 – de maio a agosto, os preços médios do álcool estiveram sempre mais altos que os praticados no mesmo período do ano passado.

Ocorre que, como os preços da gasolina também diminuíram significativamente, o derivado do petróleo segue mais competitivo. O combustível está custando em torno de R$ 2,51 por litro em Curitiba, com deflação de 5% em 12 meses. Parte dessa redução se deve ao barateamento do álcool anidro, que compõe 20% da gasolina vendida nos postos.

A comparação entre os dois produtos concorrentes indica que o álcool está custando 73% do preço da gasolina. Com o tempo, convencionou-se que, sempre que essa conta superar a marca de 70%, vale a pena usar o combustível fóssil. Para boa parte dos carros, no entanto, o limite é ainda mais baixo. Considerando-se o consumo de 92 automóveis testados pelo Inmetro, o motor flex, quando movido a etanol, rende em média 68% do que rende quando usa gasolina – portanto, na relação de preços, só quando estiver abaixo dessa marca o derivado da cana será de fato a melhor opção.

Bastante evidente desde o início de 2011, o desequilíbrio dos preços dos combustíveis tem reduzido a demanda por etanol. No Paraná, por exemplo, o consumo está em queda pelo segundo ano seguido. De janeiro a julho, as distribuidoras venderam 389 milhões de litros do produto no estado, 26% menos que no mesmo período de 2011, segundo a ANP. No ano passado, as vendas já haviam despencado 40% em relação a 2010.

Reportagem da Gazeta do Povo do último domingo mostrou que, além de ser afetado pela queda na produção das usinas, o mercado do etanol sofre com a concorrência "desleal" da gasolina, que vem sendo subsidiada. Embora o consumo do combustível fóssil já supere a produção nacional, o que força a Petrobras a importar volumes crescentes, a estatal é obrigada pelo governo a manter os preços "congelados" na refinaria.

Mais açúcar

Com o mercado ruim para o álcool, a rentabilidade dos usineiros tem sido garantida pelo açúcar. Por isso, não é de estranhar que a proporção desse produto no "mix" das usinas tenha aumentado. De toda a cana moída entre o início de abril e a metade de setembro, 49,5% foi destinada à produção do alimento, ante 48,1% em igual intervalo do ano passado. Ao mesmo tempo, a fatia destinada ao álcool recuou de 51,9% para 50,5%, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

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