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Juliano Srabra, ex-Endeavor,  é head do iDEXO. | Divulgação/
Juliano Srabra, ex-Endeavor, é head do iDEXO.| Foto: Divulgação/

O programa iDEXO pivotou, para usar um jargão próprio do mundo das startups. A iniciativa foi lançada pela TOTVS – uma das maiores empresas brasileiras de inovação – em dezembro de 2017, com a proposta de ser uma aceleradora de startups em fase embrionária. Em agosto deste ano, porém, ela mudou de posicionamento e assumiu a missão de gerar negócios concretos entre grandes empresas que têm alguma necessidade de inovação e startups com soluções exponenciais. Assim, incentiva a conexão objetiva entre executivos e empreendedores e, consequentemente, ganhos para ambos os lados.

A mudança de visão do iDEXO acontece junto com a chegada do executivo Juliano Seabra. Ele assume como head do programa, após nove anos de Endeavor no Brasil, sendo os últimos cinco como diretor-geral. Para ele, o país está bem servido de aceleradoras e espaços destinados a coworking. Para se ter uma ideia, somente no Brasil, de acordo com estudo da Associação Brasileira de Startups e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, há mais de 60 aceleradoras de startups.

O número é proporcional à demanda por empreender. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor 2017, relatório apoiado pelo Sebrae/IBQP, passa de 50 milhões a quantidade de brasileiros que têm recorrido ao negócio próprio para se manter, e, por isso mesmo, é mais do que necessário que existam iniciativas que atendam a este público.

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“Estamos aqui para trabalhar como uma comunidade fechada de inovação aberta, onde vamos olhar para os problemas das empresas grandes e prospectar no mercado startups de diferentes tamanhos e graus de maturidade, para fazerem jornadas individualizadas de desenvolvimento dessas oportunidades a quatro mãos.”

Se tudo correr bem, estima Seabra, as conexões podem se tornar parcerias, novos produtos no mercado ou mesmo eventuais investimentos. “É virtualmente impossível termos de um lado uma empresa grande e do outro lado uma startup e achar que as duas irão se conectar por gravidade. Os dois lados têm limitações que, se não forem tratadas, teremos apenas trocas de cartão”, avalia o head da iDEXO.

Com a nova proposta, o iDEXO assume quatro frentes: identificação de oportunidades nas empresas associadas; busca por startups que têm fit concreto; criação de um plano de negócio que atenda os dois lados; e acompanhamento do projeto, como apoio nas integrações e mentorias, por exemplo.

Para auxiliar no dia a dia, o iDEXO tem parcerias com empresas como Hyper Island, iMasters e Cisco. “A gente destrava todos os obstáculos que podem surgir na jornada de conexão entre os dois universos, seja a falta de braços e estrutura por parte da grande empresa ou pouca estratégia e habilidade técnica pelo lado das startups”, afirma Seabra.

O iDEXO ocupa um andar de 1,3 mil metros quadrados no prédio da TOTVS, em São Paulo.Divulgação

iDEXO quer 40 startups em 2018 e mais de 100 em um ano

O iDEXO ocupa um andar de 1,3 mil metros quadrados no prédio da TOTVS, na zona norte de São Paulo. As startups e empresas associadas têm acesso a mais de 180 estações de trabalho, salas de reunião, espaço maker para prototipação, área de descompressão e um deck com vista 180 graus para a natureza.

Enquanto aceleradora, no primeiro semestre deste ano, o iDEXO atuou com um modelo bastante convencional, com atividades como acompanhamento semanal, arredondamento de pitch e posicionamento. A iniciativa teve participação de 15 startups, entre elas nomes como Blu365, DNA Shopper e Flexsas.

Algumas das startups continuam na comunidade para esta nova fase, que conta com mais de 15 selecionadas de diferentes áreas. Entre elas: Troco Simples, 4Shark e Liuv. Em comum, todas têm sinergia com pelo menos uma das três empresas associadas – TOTVS, Banco ABC e Soluti. A ideia, em um futuro próximo, é ter mais dez grandes associados que representem cada setor e encerrar 2018 com cerca de 40 startups. “Daqui um ano espero mais de 100, porque estamos com um processo de mapeamento das empresas muito acelerado.”

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Como head, o primeiro passo de Seabra foi eliminar vícios, como o de manter turmas pré-definidas e a lógica de empresa residente, que condiciona a startup a estar fisicamente em uma estrutura física para fazer parte do programa. Agora, o iDEXO identifica o problema e vai atrás da startup que melhor o atende. “Temos um espaço físico de população flutuante. Algumas empresas ficam nele por conveniência, mas outras estão em outros espaços, como no CUBO ou fora do país. Ao eliminar essa fronteira, estamos prospectando o mundo e a oportunidade pode aparecer em qualquer lugar.”

A ideia, afirma Seabra, é ser um grande destravador. “O que tanto uma startup como uma grande corporação, como a TOTVS, procuram é um trabalho de desenvolvimento de oportunidade de negócio entre as duas pontas. O que a empresa grande tem de bom, como carteira de clientes, captação, caixa e capacidade de levar a mercado o produto pronto, com a agilidade, inovação e olhar fresco sobre os problemas que tem a startup.”

Resultados concretos em 60 dias

Apesar de muito recente, Seabra revela que já é possível verificar resultados concretos. Segundo ele, ainda não é possível tornar público, mas algumas startups estão em fase final de parcerias comerciais com a TOTVS. “Temos umas dez empresas em fase final de integração técnica com os associados e dois ou três casos de empresas indicadas a eles para potencial investimento e aquisição”, comemora.

O head da iDEXO destaca ainda que percebe uma relação mais harmônica do que conflituosa no programa. Ele diz que, apesar de o programa não ter sido desenhado para isso, as próprias startups com rodadas abertas de captação no mercado procuram o iDEXO para oferecer a possibilidade de os associados investirem nelas. Seabra considera esta uma das maiores conquistas com a virada de posicionamento.

“É muito legal porque vai contra a corrente dos modelos tradicionais das corporações. A maioria tenta criar regras para obrigar as startups a oferecerem a elas a prioridade do não. Nós abolimos isso aqui e, mesmo sem isso, as próprias startups, percebendo o nível de sinergia, já sentam na mesa para conversar. Deixa de ser uma relação de desiguais e passa a ser uma relação de simbiose.”

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