O economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, criticou o "excesso de otimismo" da equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o crescimento do PIB e a redução de juros.
"Se o governo fizesse superávits primários, se ele chegasse a cumprir a meta de resultado primário, você teria um resultado melhor do que o que estamos vendo. O resultado que eu estou vendo, pelo que ele (ministro da Fazenda, Fernando Haddad) revelou nas suas projeções de receita, é que ele está com excesso de otimismo que só ele, e ninguém mais, tem", disse Pastore em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada na noite deste domingo (10)
Pastore ainda atribuiu o crescimento do PIB aos altos gastos do governo, e disse que algumas medidas, anunciadas pela equipe econômica devem levar o setor privado a se retrair e a juros altos. "Na medida que a política fiscal ficou expansionista e o juro real de equilíbrio, chamado juro neutro, cresceu, não dá para ser otimista com relação ao investimento privado. Ele tem que encolher", explicou o economista.
O economista também apontou um "conflito entre política fiscal e política monetária" criada pelo governo. "A política monetária para trazer a inflação para baixo está colocada no modo restritivo. A política fiscal está colocada no modo expansionista. Vamos ver como é que isso caminha daqui para a frente", explica.
Outro ponto crítico apontado pelo ex-presidente do BC é a tentativa do governo de tentar zerar o déficit público. "Eu olhei para os dados, olhei para os projetos de aumento de receita e olhei para o compromisso de aumento de gastos. E vejo que não dá para fazer as duas coisas. Como eles vão se safar desse problema? A questão é deles, mas eu não vejo como eles vão fazer isso", disse.
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