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O bloqueio argentino às exportações brasileiras de máquinas agrícolas gerou um rombo de ao menos US$ 245 milhões na balança comercial nos quatro primeiros meses de 2011 e pode derrubar as exportações do setor em até 30% em 2011, segundo avaliação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "Desde o início do ano a Argentina descumpre completamente o acordo que prevê o livre comércio de máquinas com o Brasil", disse hoje Milton Rego, vice-presidente da Anfavea e executivo da Case IH, braço agrícola do Grupo Fiat.

Segundo ele, cerca de 800 colheitadeiras e 1.700 tratores produzidos no Brasil nos quatro primeiros meses deixaram de entrar na Argentina. Apenas uma pequena carga de 150 colheitadeiras da John Deere produzidas no Rio Grande do Sul conseguiu ser exportada para o país vizinho, mesmo assim por conta de licenças já obtidas pela montadora anteriormente.

Rego, que participa da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), lembra que semanalmente a Anfavea cobra o governo brasileiro em relação a uma solução do impasse e ao menos a cada dois meses um grupo bilateral discute o assunto, mas nada foi resolvido. "Se esse cenário persistir, as exportações de máquinas agrícolas brasileiras, que já devem cair entre 5% e 10% em 2011 ante as quase 19 mil unidades de 2010, podem apresentar um recuo para mais de 30%, que é o tamanho da fatia argentina nas vendas externas", avaliou o executivo. O mercado argentino consome cerca de 1.500 colheitadeiras e 6 mil tratores anualmente e 80% desse total é produzido no Brasil.

O argumento do governo argentino para barrar a entrada de máquinas brasileiras é a exigência de um equilíbrio no comércio exterior entre os dois países, o que é difícil, já que a Argentina começa agora a modernização desse setor produtivo. "A Argentina querer se industrializar nesse setor é legítimo, mas ela não pode rasgar o acordo automotivo com o Brasil", criticou Rego.

Curiosamente, ao contrário das expectativas, as exportações brasileiras de máquinas agrícolas saltaram 32,3% nos primeiros três meses de 2011 ante igual período de 2010, de acordo com os números mais recentes da Anfavea, de 3.153 unidades para 4.172 unidades. "Isso é um reflexo de contratos feitos por uma ou outra empresa, mas nossa previsão de queda nas exportações está mantida", disse Rego. "As máquinas que deveriam ir para a Argentina ao menos foram comercializadas para o Paraguai e o Uruguai, mas isso não vai se manter", completou.

Ainda de acordo com o vice-presidente da Anfavea, a perda de competitividade brasileira, com a desvalorização do dólar e o aumento nos custos - o aço vendido no País é mais caro do que o importado, por exemplo - impedem o escoamento dessas máquinas para outros mercados. Segundo a entidade, as exportações de máquinas agrícolas, que já atingiram um volume anual de 30 mil unidades, podem cair para menos de 17 mil unidades em 2011, caso a perspectiva de queda de 10% seja confirmada, isso sem considerar o impacto da Argentina.

Nos próximos dias, a Anfavea deve entregar ao governo um estudo sobre a perda de competitividade brasileira no setor automotivo, que atinge principalmente os veículos de passeio.

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