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As exportações do agronegócio brasileiro deverão cair para 63,4 bilhões de dólares em 2009, ante 71,8 bilhões em 2008, o que seria a primeira queda em valores do setor no período de dez anos, de acordo com projeções do Ministério da Agricultura divulgadas nesta segunda-feira.

O menor valor em dólares é resultado de preços internacionais mais baixos, de maneira geral, para as principais commodities exportadas pelo Brasil, segundo o ministério.

"Estimamos, exceto para um ou outro setor, que as quantidades exportadas deverão se manter. Os preços é que não chegarão aos patamares de 2008, os maiores dos últimos 10 anos", afirmou a jornalistas Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do ministério, após apresentação na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

As exportações de commodities agrícolas do Brasil responderam no ano passado por 36 por cento do total exportado pelo país. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ainda não tem projeções das vendas externas gerais em 2009.

Em reais, graças à recente desvalorização da moeda brasileira em meio à crise econômica global, os valores ainda ficarão superiores aos registrados em 2008.

O Ministério da Agricultura estima exportações de 145,9 bilhões de reais em 2009, contra 131,7 bilhões de reais em 2008.

"Historicamente, a agricultura sempre responde bem com o câmbio desvalorizado, como é o caso", disse ele, apontando para a previsão de aumento da receita com exportação em reais.

A projeção de Porto levou em consideração uma previsão do mercado de câmbio de 2,30 reais para este ano.

Ele disse também que num mercado com cotações mais depreciadas, o Brasil tende a levar vantagem em relação a seus concorrentes, o que pode amenizar os efeitos da crise, pois o país estaria menos propenso a perder vendas num ambiente de recessão internacional.

"Com os preços internacionais muito elevados como estavam no ano passado, qualquer país é competitivo. Agora, quando os preços caem, os mais competitivos apenas é que sobrevivem, e o Brasil é um deles", declarou Porto.

ACCs, ainda um problema

A autoridade destacou também que o consumo de alimentos é menos afetado em épocas de crise, para justificar que uma eventual queda dos volumes nas exportações do agronegócio não seria tão expressiva.

Mas ele observou que um setor que tem especialmente preocupado o ministério é o de carne bovina, não somente pela queda de preços no mercado internacional, mas também pelo fato de os frigoríficos estarem atualmente enfrentando um período de baixa no ciclo de oferta de bovinos, o que resulta em firmes preços da matéria-prima.

Por outro lado, Porto afirmou que recentemente viu uma recuperação de preços de algumas commodities como grãos, em relação aos valores registrados no final do ano passado, quando as notícias da crise afetaram os mercados.

"Os preços se recuperaram e as quantidades exportadas estão se recuperando para a maioria dos setores... O cenário, comparado com o tamanho da crise, é otimista", disse ele, temendo que os problemas financeiros levem os países importadores a implementarem medidas protecionistas, o que poderia afetar o Brasil.

Outro problema citado pelo secretário como limitador do desempenho do agronegócio do Brasil nas exportações é a manutenção de um quadro de baixa oferta de ACCs (Antecipação de Contrato de Câmbio).

"Em termos globais (incluindo outros setores), as liberações de ACCs em janeiro estiveram abaixo de qualquer mês do ano passado. Uma questão que tem que ser enfatizada é a falta de crédito para exportação."

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