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Unidade da FPT Powertrain Technologies, em Campo Largo: estrutura já abrigou a antiga fábrica de motores Tritec, que encerrou as atividades há três anos | Divulgação
Unidade da FPT Powertrain Technologies, em Campo Largo: estrutura já abrigou a antiga fábrica de motores Tritec, que encerrou as atividades há três anos| Foto: Divulgação

Propulsores

vão equipar o novo Punto

Enquanto a antiga Tritec exportava toda a produção para Estados Unidos, Europa e Ásia – seus motores chegaram a equipar o Mini Cooper e o PT Cruiser –, a FPT começa suas atividades no Paraná vendendo todos os motores no mercado brasileiro. Mais especificamente, para a Fiat. De início, a produção vai abastecer o novo Punto, que será lançado também hoje em Campo Largo. Mas, segundo o superintendente da FPT para o Mercosul, Franco Ciranni, a empresa deve exportar seus primeiros lotes em 2011. A meta para os próximos anos é vender de 30% a 40% dos motores ao exterior. "Já temos uma série de contatos de negociação com empresas internacionais, altamente interessadas na tecnologia embarcada neste produto", diz Ciranni.

A partir do modelo Tritec, propulsor de 1.6 litro 16 válvulas movido a gasolina, a FPT desenvolveu cinco novos motores. Quatro deles – de 1.6 e 1.8 litro, nas versões bicombustível e a gasolina – já estão em produção e equipam o Punto. Eles emitem 40% menos poluentes que o permitido pela legislação, de acordo com o diretor de engenharia de produto da FPT, João Irineu Medeiros.

O quinto motor é um equipamento de emissões ainda mais baixas chamado Sulev ("Super Ultra Low Emissions Vehicle"), destinado ao exterior, que ficará pronto em 2011. "Ele pode ser comercializado em praticamente qualquer lugar do planeta, pois respeita limites de emissões bastante severos", diz Medeiros.

Mais torque

A principal característica da família E.torQ é o torque proporcionado pelo motor mesmo em baixas rotações. Cerca de 80% do torque está disponível logo que o motor atinge 1,5 mil rotações por minuto (rpm) e 94%, a 2,5 mil rpm. "Ele será uma referência no mercado, pois não há motor de 16 válvulas no Brasil que permita esse torque nessa faixa de rotação. Isso evita que o motorista pise muito no acelerador e, quanto menos ele pisa, mais combustível economiza", explica o executivo. Outro fator que colabora para o baixo consumo e emissão de poluentes é o peso do motor, 10% inferior à média da concorrência – são cerca de 135 quilos, frente aos 150 quilos de modelos similares.

Agora controlada pela FPT Powertrain Technologies, a fábrica que será formalmente reinaugurada hoje em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba) produz, desde fevereiro, motores bem mais "brasileiros" que os herdados da extinta Tritec Motors, empresa que encerrou as atividades há três anos. Desenvolvida no Brasil por um grupo de cem engenheiros, a família de cinco propulsores batizada de "E.torQ" tem 91% de seus componentes fabricados no país, frente aos 70% do motor que era fabricado pela Tritec. No ano que vem, esse índice de nacionalização chegará a 95%."Esse é um motor verde e amarelo, desenvolvido por paranaenses, mineiros e italianos", define Franco Ciranni, superintendente para o Mercosul da FPT, multinacional que pertence ao grupo Fiat e que tem sua principal fábrica brasileira em Betim (MG). "É a realização do sonho de um grupo de empregados de Campo Largo que tiveram a vida paralisada enquanto esperavam por um rumo para a fábrica, e do sonho de um grupo de engenheiros do qual a FPT tem grande orgulho. Em dois anos, eles fizeram, na fábrica e no produto, um trabalho maravilhoso que reafirma o Brasil como centro de nossa estratégia mundial."

O último lote de motores da Tritec – joint-venture formada no fim dos anos 1990 pela alemã BMW e pela norte-americana Chrysler – foi produzido em junho de 2007. A transformação na fábrica começou a partir de março do ano seguinte, quando a FPT assumiu o negócio. A nova proprietária manteve aproximadamente cem funcionários da antiga empresa, entre engenheiros, gerentes e operadores de produção, que, junto com o pessoal da FPT de Betim e da Itália, passaram dois anos desenvolvendo a nova família de produtos e modernizando as linhas de produção em Campo Largo, num processo que consumiu investimentos de R$ 250 milhões.

"Nesse trabalho, que começou sobre a forte base tecnológica do motor Tritec, passamos os primeiros seis meses calculando e modelando o novo motor em computador. Fizemos tudo o que pode ser feito em termos de simulação de desempenho, consumo e durabilidade. Depois passamos às fases de construção de protótipos e aos testes", explica o diretor de engenharia de produto da FPT, João Irineu Medeiros. Segundo a companhia, a família E.torQ, "70% nova" em comparação à base herdada da Tritec, é resultado de 500 mil horas de desenvolvimento e 5 milhões de quilômetros rodados em testes, processo no qual foram usados 1,2 mil motores de pré-série e protótipos.

Fornecedores

Com 300 funcionários e objetivo de contratar mais 100 nos próximos meses, a empresa planeja elevar a produção diária de 350 para 800 motores até dezembro. Em quatro anos, a capacidade instalada passará de 330 mil para 400 mil propulsores por ano. Ao longo desse período, a companhia espera atrair para seu entorno um parque de fornecedores, ao estilo do que existe hoje em Betim (MG).

"O Paraná já tem um parque automotivo muito sólido, bastante avançado. Nosso objetivo é, gradativamente, contribuir para seu crescimento, tentando trazer fornecedores que hoje são de outras regiões do país. É um trabalho que será feito aos poucos, de modo proporcional ao crescimento dos volumes produzidos", explica Ciranni. "Essa fábrica nunca produziu mais de 200 mil motores por ano, e essa marca vamos alcançar já em 2011, passando numa segunda etapa a 330 mil e, depois, a 400 mil. Naturalmente, os fornecedores verão que é interessante se incorporar a essa oportunidade."

O diretor industrial da fábrica, Marcelo Reis, conta que, enquanto a formação de um complexo de fornecedores de peças e componentes deve ser gradativa, o parque de fornecedores de materiais e serviços "indiretos" já está formado e em funcionamento. "São empresas que fornecem refeições, uniformes, equipamentos de segurança, transporte e outros. Até o fim do ano, a FPT terá gerado 1,5 mil empregos indiretos com a contratação dessas empresas."

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