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Ampliação da Faculdade Sant’Ana, em Ponta Grossa, com prédio de sete andares e 30 novas salas: concorrência acirrada no setor | Josue Teixeira/Gazeta do Povo
Ampliação da Faculdade Sant’Ana, em Ponta Grossa, com prédio de sete andares e 30 novas salas: concorrência acirrada no setor| Foto: Josue Teixeira/Gazeta do Povo

Interior recebe investimentos para expansão

A faculdade Sant’Ana, em Ponta Grossa, mantida por uma congregação religiosa, também será ampliada. Um prédio de sete pavimentos, que abrigará 30 salas de aula, deve ser finalizado em fevereiro do ano que vem. A diretora da instituição, irmã Maria Aluísia, não revela o valor total investido, mas diz que parte dos recursos são de um financiamento de R$ 6 milhões no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para o projeto. Uma tendência do setor é a aquisição de pequenas faculdades pelas grandes marcas. Há dez anos, as 20 maiores instituições tinham 14% do mercado e hoje a participação das 12 maiores é de 40%.

A cada 10 universitários, em média, sete estudam em faculdades ou universidades particulares no Brasil. A proporção revela um setor consolidado na economia. Nos últimos dois anos, o faturamento das instituições privadas de ensino superior cresceu 27% com novos cursos e matrículas.

A receita bruta do setor, que em 2012 era de R$ 28,2 bilhões, deve fechar este ano com R$ 35,9 bilhões, segundo projeção da consultoria Hoper. "Apesar de estarmos vivendo uma recessão técnica, o setor deve continuar crescendo pelo menos nos próximos dois anos", diz o analisa de mercado da Hoper, Alexandre Nonato.

A demanda de mercado e os programas federais de incentivo ao ensino superior privado justificam o otimismo. Das 7,03 milhões de matrículas nas graduações, 5,1 milhões são em instituições privadas. Em 2012, segundo o Censo da Educação Superior, o país tinha 2,1 mil centros particulares do total de 2,4 mil instituições de ensino superior registradas. Como o vestibular das públicas é mais concorrido, a demanda nas particulares aumenta. O estudo mostra que, nas instituições públicas, a concorrência era de 12,2 candidatos por vaga, caindo para 1,6 nas particulares.

O ingresso é facilitado, mas a manutenção no curso depende da situação financeira do aluno. Segundo a Hoper, a mensalidade média no país é de R$ 645. Para atrair o público de baixa renda, os programas federais são um forte aliado. O Programa Universidade para Todos (Prouni), por exemplo, distribuiu 252,3 mil bolsas no ano passado, sendo 19,2 mil no Paraná. A instituição que fornece os descontos, integrais ou parciais, recebe isenções tributárias. O estudante que não se encaixa no Prouni acessa o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que financia o estudo de cursos presenciais com juros anuais de 3,4%.

"Hoje o setor depende dos programas e é importante que haja novas iniciativas para incentivar o ensino superior, como a ampliação do Fies para os cursos de ensino à distância", comenta Nonato. Só em 2005, quando o Prouni foi lançado, segundo dados da consultoria, a taxa de crescimento das instituições privadas foi de 9,1%. Desconsiderando as bolsas, o aumento teria sido de 1,5%.

O grupo Kroton, que é líder nacional no segmento, informou que os programas de incentivo federais foram e continuam sendo um incentivo para todas as classes sociais ingressarem no ensino superior, mas que, além disso, o ensino à distância permite a inclusão porque não impõe barreiras físicas para a busca do diploma. Por causa da demanda, a Kroton adianta que pretende abrir mais 20 novas unidades e 400 polos de ensino à distância nos próximos anos no país e que os planos de expansão incluem o Paraná.

Qualidade dos cursos depende de avaliação do Ministério da Educação

Assim como nas instituições públicas, o Ministério da Educação (MEC) avalia a qualidade das faculdades e universidades privadas. No caso do Prouni, por exemplo, as instituições com conceitos baixos são descredenciadas do programa. No Paraná, das 141 instituições privadas avaliadas em 2012, a maioria, 101, tinha conceito 3 no Índice Geral de Cursos (IGC). O indicador é feito numa escala de 1 a 5, sendo o 3 considerado satisfatório pelo MEC. Nenhuma instituição do estado, no entanto, alcançou conceito 5. O desempenho individual da instituição pode ser consultado no endereço http://emec.mec.gov.br.

O diretor da Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (Funadesp), Cícero Gontijo, concorda com o crescimento das instituições privadas na economia, mas diz que é preciso que o aumento seja acompanhado de qualidade na prestação do serviço. "Não adianta só dar diploma, é importante que elas coloquem profissionais qualificados no mercado", aponta.

Nesse sentido, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) baseou o planejamento estratégico dos próximos anos em novas tecnologias para buscar a inovação no processo pedagógico, no desenvolvimento de pesquisas e na ampliação da sua posição em rankings internacionais.

Gontijo lembra que o fenômeno da aquisição de universidades e de fusões no setor também devem afetar o desempenho do aluno. "Quando isso acontece, o aluno tem que se adaptar a mudanças nas instalações físicas, no método de ensino e no sistema de avaliação. As instituições têm que estar atentas a isso", considera.

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