• Carregando...
Adriano Gomes de Almeida: apólice “cancelada” há dois anos continuou sendo paga. Agora, a corretora fechou | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Adriano Gomes de Almeida: apólice “cancelada” há dois anos continuou sendo paga. Agora, a corretora fechou| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Empresa era de "assistência social"

A Líder Clube Beneficente foi fundada em 1966 e sua sede funcionava em um prédio comercial na Rua José Loureiro, no centro de Curi­tiba.

Leia a matéria completa

Ministério Público poderá pedir abertura de inquérito

Diante do recebimento de denúncias de fraude da corretora Líder, o Ministério Público do Paraná (MP-PR), através da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodec), encaminhou na última quarta-feira um ofício ao endereço em que funcionava a empresa, solicitando esclarecimentos sobre a situação. Se não houver nenhuma resposta em um prazo de dez dias, o MP pode abrir uma investigação sobre o caso.

Leia a matéria completa

  • Veja as irregularidades no caso da corretora que vendia apólices sem seguradora

A contratação de uma apólice de seguro de vida exige atenção especial em alguns detalhes para que os familiares recebam a indenização devida em caso de morte do segurado. A venda de apólices de seguro é atividade exclusiva de seguradoras e entidades devidamente registradas na Supe­rintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia do governo federal que regulamenta o setor de seguros no Brasil.

Operando irregularmente, a corretora Líder Clube Benefi­cen­te, com sede em Curitiba, pode ter aplicado o "golpe da seguradora" em pelo menos quatro usuários dos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande de Sul e Minas Gerais, com a venda de apólices não seguradas que juntas causaram o prejuízo de aproximadamente R$ 180 mil.

A empresa, com 43 anos de atuação, funcionava ilegalmente desde 2006 no esquema conhecido como "pirâmide", comercializando apólices sem que houvesse uma seguradora para garantir o pagamento das indenizações. Quando algum segurado morria, a indenização era paga com o di­­nheiro arrecadado com as mensalidades cobradas dos outros usuários; mas quando o número de sinistros superou a capacidade financeira da "corretora", ela fechou as portas e desapareceu, deixando na mão seus beneficiários.

Os pais do representante co­­mercial Adriano Gomes de Al­­meida, de Curitiba, eram segurados da Líder desde 1980. Ele conta que quando seu pai morreu, em 1994, a indenização foi rece­bi­da normalmente. Já quando buscou receber a indenização de R$ 40 mil, decorrente da morte de sua mãe em junho do ano passado, a situação foi diferente.

"Comecei a ficar preocupado quando percebi que o dinheiro não saiu no prazo combinado. Quando pedi explicações, um funcionário me informou que a empresa estava com problemas e que as dívidas seriam parceladas, pedindo para que eu esperasse", lembra. Posteriormente, Almeida foi informado de que o contrato não estava segurado porque a apólice havia sido cancelada unilateralmente pela seguradora desde 2007. "Mas nunca fui comunicado deste ‘detalhe’, e continuamos pagando religiosamente as mensalidades para a Líder, no valor de R$ 500", diz.

A engenheira Carla Martins (nome fictício, a pedido da fonte), moradora da cidade de Marília, no interior de São Paulo, vem en­­frentando a mesma situação desde a morte de seu pai, em janeiro deste ano.

"Meu pai pagou por 34 anos o seguro de vida para essa corretora. Em janeiro demos entrada na solicitação do pagamento da in­­denização de R$ 50 mil. O primeiro contato foi por telefone, e nos solicitaram todos os documentos necessários para o recebimento. Fizemos tudo conforme pediram, encaminhamos todos os documentos via correio e confirmamos o recebimento dos mesmos. A informação que nos passaram era de que receberíamos o valor após 90 dias", relata. Pas­sado esse tempo, a usuária não recebeu nenhum retorno da corretora. "Preocupados, tentamos procurar a empresa pelo telefone, mas, para nosso espanto, ninguém nos atendeu. Depois de mui­­tas buscas, conseguimos falar com o porteiro do prédio, onde fomos informadas de que a corretora estava fechada desde abril", conta.

Em Minas Gerais, a atendente Andréa Cristina do Carmo de Souza moveu um processo contra a Líder para exigir a indenização do seguro de vida de seu mãe. A ação foi julgada no início de junho e a corretora foi condenada, a revelia, a pagar a indenização no valor de R$ 76,3 mil pela apó­­lice. Mas, como deixou de exis­­tir em seu endereço físico, a empresa não foi notificada e a própria usuária avalia que dificilmente receberá a quantia. "Ou­­vi relatos de que muitas pessoas aqui em Minas Gerais continuam pagando as mensalidades normalmente. Por enquanto, só quem necessitou da cobertura percebeu a fraude", diz.

"O que revolta é essa situação de impunidade", reclama o segurado Jorge André Costa Avancini, do Rio Grande do Sul, também lesado pela Líder.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]