O início da década de 90 representou um marco para a Irmãos Abage: para se adaptar a uma mudança radical na clientela, em pouco tempo a empresa teve de abandonar a vocação atacadista e se dedicar francamente ao consumidor residencial. "Tivemos de parar de depender das construtoras e direcionar os negócios para o varejo", explica Silas Degraf, administrador da empresa. A mudança deu certo: há vários anos a empresa que não tem concorrentes tão especializados quanto ela no mercado curitibano cresce de 10% a 15% ao ano, em média. A previsão de receita para 2006 é de R$ 40 milhões, 25% a mais que no ano passado.
Degraf conta que, até os anos 80, quando a construção civil estava em alta em todo o país foi nessa época que boa parte dos prédios do bairro curitibano Bigorrilho foi construída , a empresa era absolutamente voltada para as grandes obras. Mas, a partir do governo Fernando Collor, no começo da década de 90, a chamada construção vertical perdeu ritmo e deu lugar à horizontal em que as obras são tocadas quase sempre pelo proprietário, e não por construtoras. A Irmãos Abage teve que se apressar: além de aprimorar o sistema de televendas o primeiro do setor em Curitiba, inaugurado em 1978 , passou a investir com força em publicidade e se dedicou ainda mais a buscar inovações no atendimento aos clientes.
"Sempre procuramos ser os primeiros a ter as novas tecnologias que chegavam: telex, fax, sistema informatizado. Gente de todos os lugares, até hoje, vem conhecer a loja para conhecer o que temos de inovação", diz o proprietário, Jorge Dib Abage. Ele conta que a empresa também faz o caminho inverso: "No começo do ano, fomos para a Europa e a China, conhecer o que acontece por lá." O modo de exibição dos lustres de cristais do segundo andar, por exemplo, foi inspirado no modelo chinês. Em vez de pendurar os lustres nas alturas o que dificulta consideravelmente sua visualização pelos clientes , a Irmãos Abage baixou o teto. Ou seja, quem caminhar sobre o tapete vermelho da área de iluminação poderá apreciar e escolher os produtos bem de perto.
Indústria
Pouco antes do início da era de vacas magras da construção civil, Jorge Did Abage se dedicou a realizar um sonho de seu pai: investir na indústria. "Ele sempre quis ter uma fábrica de fios e cabos elétricos. Morreu em outubro de 1984. Pois bem, dois anos depois eu estava construindo a Conduspar", diz o empresário, referindo-se à fábrica de condutores elétricos que a família tem em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
De fornecedora da loja varejista no início, a Conduspar tornou-se a terceira maior do setor no Brasil. Em 1988, ficou pronta a Plastilit, que produz tubos e conexões de PVC. Seis anos depois, a família Abage inaugurava a Itesa, fabricante de peças de alumínio injetado de alta precisão. Se nos primeiros tempos quem sustentou as fábricas foram as vendas do comércio, mais tarde foi o faturamento delas que ajudou a Irmãos Abage a superar a retração nas vendas nos anos 90.



