Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Medicamentos

Farmácias do PR tropeçam na crise

Depois da exuberância do ano passado, quando o mercado local entrou na mira de grandes redes nacionais, varejo farmacêutico do estado sofre com restrições no crédito

Para Robert Kock, da Hiperfarma, concorrência predatória é coisa do passado, mas mercado passa agora por “seleção natural” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Para Robert Kock, da Hiperfarma, concorrência predatória é coisa do passado, mas mercado passa agora por “seleção natural” (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

As farmácias do Paraná vêm sentindo os efeitos da desaceleração econômica e da redução do crédito. Levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Farmácias (Sindifarma) mostra que pelo menos dez lojas deixaram de funcionar em Curitiba e região desde outubro do ano passado, com a demissão de cerca de 60 pessoas. "Fazia tempo que não víamos um número tão grande de lojas fechando as portas. Sempre há muita rotatividade no setor, mas esse movimento acendeu a luz amarela", afirma Edenir Zandoná Júnior, presidente da entidade. A euforia que tomava conta do setor no ano passado foi substituída pela cautela.

Enquanto no Brasil as vendas cresceram 23% no primeiro trimestre, no estado elas tiveram avanço bem mais tímido, de apenas 0,61% no período, segundo dados da Federação do Comércio (Fecomércio) no Paraná compilados pelo Sindifarma. O Paraná tem hoje cerca de 4 mil farmácias, das quais 1,3 mil na região da Grande Curitiba, onde são gerados 5 mil empregos. De acordo com o Sindifarma, seis farmácias de bairro deixaram de funcionar. Entre as grandes redes, a Nissei e a Droga Raia fecharam, cada uma, duas lojas.

O mercado vive hoje uma situação muito diversa da registrada no ano passado, quando o setor crescia a taxas de 15% e estava na mira de grandes redes de outros estados, como Drogasil e Onofre. "Essas empresas não vieram para cá e grande parte dos projetos de expansão não saiu do papel", afirma Zandoná Júnior.

Dificuldades de caixa

Sem dar nomes, Zandoná Júnior diz que algumas empresas do setor, especialmente em Curitiba, estão com dificuldades de caixa, resultado da combinação da redução da demanda por medicamentos, dificuldades administrativas, a entrada em vigor da substituição tributária, do encarecimento do crédito e do histórico de forte disputa de preços. Considerada uma das praças mais competitivas do setor no país, a cidade viveu em anos recentes uma briga de promoções que provocou a quebra de grupos como Ultramed, Drogamed e empurrou a Multifarma para um processo de recuperação judicial.

A maior parte das farmácias está cautelosa quando o assunto é expansão. De acordo com o presidente da Hiperfarma, Robert Kock, o aumento do número de lojas franqueadas neste ano não deve passar de 10%. "Em anos recentes crescíamos até 50%, mas, em tempos de crise, é preciso atenção redobrada. Crescer com rentabilidade e qualidade de vendas", afirma. Com 104 lojas, a Hiperfarma chegou a crescer 13% no ano passado. Neste ano, porém, as vendas não avançaram, mas começaram a esboçar reação em maio. Kock, no entanto, descarta que o setor esteja vivendo um novo período de crise e de concorrência predatória. "Há, sim, uma seleção natural no setor. As redes terão que se adaptar às mudanças no mercado". De acordo com ele, já está havendo no setor um grande número de troca de bandeiras entre as lojas.

Na Forte Farma, que reúne 183 lojas associadas no Paraná e em Santa Catarina, o número de adesões de novas farmácias à rede caiu de 10 para 3 ao mês. "Não por falta de interesse de donos de farmácia querendo migrar para o nosso sistema. Pelo contrário. Mas nos tornamos mais criteriosos e passamos a ser mais exigentes sobretudo na escolha dos pontos de venda. Ainda assim, o nosso objetivo é voltar ao patamar anterior", afirma Claudio Aloisio Ribeiro, diretor de expansão para o Paraná. De acordo com ele, o mercado de Curitiba está saturado há pelo menos seis anos, o que ajuda a explicar a forte concorrência de preços e o menor interesse hoje de redes de outros estados em vir para cá em tempos de crise.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.