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Privacidade

Fazendinha vira problemão para o Facebook

Falha em aplicativos como o jogo FarmVille fez com que informações pessoais fossem repassadas a anunciantes; rede social volta a ser acusada de não proteger os dados dos usuários

Veja como funciona o roubo de dados dos usuários pelos aplicativos do Facebook |
Veja como funciona o roubo de dados dos usuários pelos aplicativos do Facebook (Foto: )
Veja o ranking dos aplicativos mais usados no Facebook |

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Veja o ranking dos aplicativos mais usados no Facebook

Ao abrir uma conta no Face­book, o internauta faz uma barganha. Ele repassa informações ao site, que, em troca, promete se­­guir as orientações sobre quem poderá ter acesso ao conteúdo postado em suas páginas. Ao mes­­mo tempo, o usuário admite que o portal use dados pessoais pa­­ra selecionar os anúncios pu­­blicitários que lhe serão dirigidos.

Trata-se de um acordo complicado, que muitas pessoas aceitam sem saber exatamente o que acontece com suas informações. O negócio também envolve uma dose de confiança – e é por isso que suspeitas de um possível não cumprimento do contrato por parte do Facebook são a garantia de muita controvérsia.

O mais recente abalo nessa re­­lação de confiança ocorreu na se­­mana passada, quando o Fa­­cebook reconheceu que alguns dos aplicativos que abriga (inclusive o popular jogo FarmVille) haviam repassado indevidamente informações de usuários – e, em alguns casos, dos contatos de usuários – a anunciantes e em­­presas de rastreamento da web. A companhia disse que estuda maneiras de impedir novas ocorrências desse tipo e que a questão já estava sendo tratada com os desenvolvedores dos aplicativos.

As declarações do Facebook vieram em resposta a uma reportagem publicada pelo The Wall Street Jornal. O jornal norte-americano mostrou que diversos aplicativos entregavam a terceiros uma parcela de dados, conhecida como "ID do usuário" – o que configura uma violação à política de privacidade do Fa­­cebook. Por meio do ID é possível acessar o nome do usuário e as informações que ele publica em seu perfil – como a faculdade on­­de estudou e seus filmes favoritos –, mas não se pode ver aqui­­lo que a pessoa optou por compartilhar apenas com amigos.

Defensores do direito à privacidade e especialistas em tecnologia têm opiniões diferentes a respeito da relevância do problema. "O que ocorreu é muito grave", acredita Peter Eckersley, tec­­nólogo sênior da Electronic Fron­­tier Foundation, grupo que trabalha pela preservação das liberdades individuais no am­­biente on-line. De acordo com o analista, um anunciante pode usar os IDs para ligar os indivíduos e as informações sobre eles que tenham sido recolhidas anonimamente na web. "Talvez isso ocorra inadvertidamente, mas o Facebook está vazando a chave mágica para o rastreamento on-line", diz. Eckersley afirma, no entanto, que não há evidência de abusos por parte de quem teve acesso a esses dados.

A Zynga, empresa desenvolvedora do FarmVille e de outros jogos do Facebook que juntos so­­mam 219 milhões de usuários, não quis se manifestar sobre o assunto.

Vários analistas de tecnologia e blogueiros minimizaram o pro­­blema. Na opinião deles, em­­presas de cartão de crédito e editoras de revistas têm acesso a in­­formações muito mais detalhadas sobre seus clientes do que qualquer aplicativo da rede so­­cial. O Facebook também tentou reduzir a importância do vazamento ao dizer que o envio de IDs foi acidental. Um engenheiro do Facebook, Mike Vernal, escreveu o seguinte no blog que a empresa mantém para desenvolvedores de aplicativos: "A imprensa exagera nas conse­quên­­cias desse repasse. O ID não permite o acesso a informações privadas sem o consentimento explícito do usuário".

Novos sistemas

Por meio de comunicado, o Fa­­cebook diz que planeja apresentar "novos sistemas técnicos que limitarão drasticamente o compartilhamento de IDs de usuários", mas reconhece que tal ta­­refa representará um desafio. A empresa também se compromete a continuar impondo suas po­­líticas aos aplicativos – e a ex­­cluí-los da rede, quando necessário. Por fim, declara que as companhias que receberam os IDs de usuários disseram não ter usado os códigos.

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