• Carregando...

Diante dos problemas de liquidez, evidenciados nesta quinta-feira pela suspensão de operações de depósitos e resgates em três fundos do banco francês BNP Paribas, no valor de US$ 2,2 bilhões, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o Banco Central Europeu aumentaram significativamente as reservas temporárias do sistema bancário de suas regiões. O BNP é o maior banco da França e o segundo maior da Zona do Euro.

O BCE injetou 94,8 bilhões de euros em empréstimos para os bancos na zona do euro, a uma taxa de 4%. Este montante é o maior já oferecido pela instituição monetária desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Já o Fed elevou em US$ 12 bilhões as reservas temporárias do sistema bancário, diante de operações de recompra de títulos. Na semana passada, a autoridade monetária já havia injetado US$ 5 bilhões no mercado.

A Bolsa de Valores de São Paulo, que chegou a cair quase 4% logo após a abertura, tem desvalorização de 2,12%, aos 54.072 pontos. Já o dólar sobe 1,59%, a R$ 1,9150, enquanto o risco-país tem alta de 5,81%, aos 182 pontos básicos. Nos Estados Unidos, O S&P - que chegou a cair 2% - recuava 1,36%, aos 1.477,12 pontos. O Dow Jones tinha queda de 0,96%, aos 13.524 pontos, enquanto o Nasdaq recuava 0,66%, aos 2.595 pontos.As bolsas européias também fecharam em queda.

Bush fala dos EUA

A crise fez até o presidente americano, George W. Bush, se pronunciar sobre a economia do país. Ele afirmou que os fundamentos econômicos dos Estados Unidos são fortes - apesar da turbulência no mercado imobiliário do país - graças à baixa inflação, sólido mercado de trabalho e uma economia global saudável.

- Os fundamentos de nossa economia são fortes - disse Bush a jornalistas. - Fui informado de que há liquidez suficiente no sistema para permitir aos mercados que se corrijam.

Especialistas elogiam atuação dos bancos centrais

Para o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, ainda é cedo para avaliar se as medidas reverterão as perdas do mercado financeiro nesta quinta-feira.

- Depois do auge do estresse na abertura, as bolsas estão se acalmando um pouco mas o ambiente ainda é muito volátil. O objetivo dessas medidas é normalizar a liquidez do mercado monetário porque houve escassez forte de recursos - diz.

Já Gabriel Goulart, analista internacional da Mercatto, acha que a oferta de mais recursos para o setor bancário sinalizou que as entidades monetárias estão atentas e que poderão "abrir a torneira" do crédito se necessário.

- Aparentemente, a medida surtiu algum efeito na acomodação de uma tensão bem grande que ocorreu no overnight e depois que começou a circular a notícia de que não havia dinheiro no mercado europeu e que os bancos estavam começando a tomar dinheiro a 4,70%, bem acima da taxa básica de juros de 4% - diz.

Para ele, não há motivo para alarde com a crise do mercado de crédito americano.

- O subprime representa de 8% a 9% do total de crédito imobiliário dos EUA, que é de US$ 10 trilhões. Esses US$ 10 trilhões, por sua vez, estão dentro de um mercado total de crédito de US$ 50 trilhões. Então, o peso dos empréstimos subprime são menos de 2% do total de crédito americano. Uma contaminação de toda a matriz é muito difícil de acontecer - avalia.

Goulart, no entanto, acha que as volatilidades podem continuar nos próximos 20 dias:

- A incerteza e a falta de transparência sobre investimentos de fundos e bancos é que fazem o mercado ficar mais encolhido, desalocando recursos e pedindo prêmios mais altos. Existe uma diferença grande entre incertezas e fundamentos. Para investimentos no logo prazo, o momento continua atrativo. O que ninguém sabe é se continuará havendo perdas das bolsas no curto prazo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]