O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) lançou a ideia de o governo usar "a Caixa Econômica Federal, que é 100% estatal, para estabelecer referências de rentabilidade no setor bancário". A sugestão está na edição deste mês da Carta do Ibre, documento mensal de análise econômica publicado na revista Conjuntura Econômica.
A proposta é o governo fixar uma meta de lucro para a Caixa com o objetivo de garantir a sua saúde financeira e também fomentar a concorrência entre os bancos para que os spreads caiam. Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes. O diretor do Ibre, Luiz Guilherme Schymura, considera que "não tem por que um banco 100% estatal, como a Caixa, dar lucro astronômico". Para ele, o papel da Caixa "deve ser de gerar competição, inclusive em relação às tarifas públicas".
Há, porém, em áreas técnicas do governo, a percepção de que a Caixa e o Banco do Brasil são, de certa forma, obrigados a manter os spreads altos. A explicação é que eles operam intensamente em crédito direcionado e alguns segmentos de maior risco, como pequenas e microempresas. Assim, têm de aumentar os juros para ficar com rentabilidade média próxima à do setor privado. Assim, os bancos públicos de fato puxariam para a cima o spread. Se isso for verdade, eles poderiam também puxar para baixo, desde que operassem com mais eficiência e fossem desincumbidos de segmentos de risco ou pouco lucrativos, nos quais os bancos privados participam muito menos. Schymura explicou que, para que o governo proponha que lucro a Caixa deve ter, a instituição deveria abrir suas contas para que, a partir dos custos, fosse fixado o lucro almejado e, a partir daí, os spreads. Ele defende a mesma transparência para o Banco do Brasil.
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