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Ao fundo, alguns dos armazéns do Porto de Paranaguá: seis empresas e cooperativas têm contratos de arrendamento com vencimento previsto para este ano ou 2013 | Antônio More/Gazeta do Povo
Ao fundo, alguns dos armazéns do Porto de Paranaguá: seis empresas e cooperativas têm contratos de arrendamento com vencimento previsto para este ano ou 2013| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Novas concessões vão impor metas de eficiência às empresas

A Appa já identificou dez áreas e empreendimentos ociosos que devem dar origem a novos arrendamentos, em um total de cerca de 500 mil metros quadrados de espaço ainda livre para novos negócios – sem contar as áreas que terão seus arrendamentos vencendo a partir deste ano.

Todas essas áreas devem ser disputadas por novas empresas, já que uma resolução da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) não permite que organizações já atuantes nos terminais participem de novas concessões dentro do mesmo porto organizado.

"Assim como a Cattalini, que opera em Paranaguá, possui agora uma área no Porto de Santos, empresas do terminal paulista e de outros também devem buscar Paranaguá", prevê o superintendente da Appa, Luiz Henrique Tessutti Dividino.

Com a expectativa de ser finalizado ainda neste ano, o PDZPO deve dar origem ao maior programa de arrendamento portuário já realizado no país. "Todas as licitações serão precedidas de audiência pública, onde daremos total conhecimento à comunidade dos projetos e arrendamentos destinados aos portos do Paraná", salienta Dividino.

Os novos contratos devem ser mais modernos, com a fixação de cláusulas de produtividade e eficiência que incentivem até mesmo a competição interna entre as empresas. "Ao menos três das dez novas áreas de arrendamento, em que já existem estruturas paradas ou ociosas, e mesmo aquelas cujos contratos vão vencer também devem gerar uma modernização dos terminais e armazéns existentes. Essas mudanças ajudam a tornar a operação do porto mais eficiente", avalia Dividino.

O superintendente da Appa estima que os novos arrendamentos devam render algo próximo de R$ 650 milhões à autarquia em valores de outorga. Um valor ainda bastante longe dos cerca de R$ 2 bilhões necessários para a modernização de toda a estrutura do terminal.

Fora os investimentos privados já confirmados – como os cerca de R$ 250 milhões para ampliação do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) que devem aumentar a capacidade do terminal de 1,2 milhão para 1,5 milhão de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano já em 2013 –, o restante do dinheiro necessário, em investimentos em ampliação e modernização, tem sido o pleiteado com o governo federal. (FZM)

500 mil

metros quadrados em novas áreas para arrendamento é o que o Porto de Paranaguá terá disponível entre este ano e 2013. São pelo menos dez novos espaços já identificados pela Appa, entre estruturas ociosas e terrenos vagos, sem contar de parte dos espaços com contratos que vencem até o ano que vem e demandarão novas licitações.

Em discussão

O PDZPO foi elaborado pelo Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (LabTrans/UFSC), em parceria com a Appa. Está sendo avaliado pelo Conselho da Autoridade Portuária (CAP) e depois passará pela avaliação legal da Secretaria Especial dos Portos (SEP), ligada à Presidência da República, e da Antaq.

O Porto de Paranaguá tem 24 áreas arrendadas a empresas e cooperativas. Metade dos contratos de arrendamento foi firmada antes da Lei Federal dos Portos (n.º 8.630/1993) e não pode mais ser renovada. E, entre os que não são passíveis de renovação, sete vencem em 2012 ou 2013, o que indica que o porto pode passar por um significativo processo de renovação nos próximos anos – até porque, além dessas áreas, há cerca de 500 mil metros quadrados de espaços ociosos que devem dar origem a novos arrendamentos.

Os dados constam do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto Organizado de Paranaguá (PDZPO), documento que levanta os desafios e oportunidades do terminal e vem sendo discutido pela comunidade portuária.

Os 12 contratos que segundo o PDZPO não podem ser prorrogados abrangem 17% da área do porto, de 1,2 milhão de metros quadrados. Esses espaços terão de ser novamente licitados. "Após a data de vencimento do contrato, a Autoridade Portuária tem até 36 meses para realizar nova licitação para o arrendamento das áreas", explica o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Henrique Tessutti Dividino.

Entre os contratos com término programado para este ano e o próximo, um acabou em março (o do terminal graneleiro da Centro-Sul Serviços Marítimos) e cinco vencem em dezembro (dois da Bunge, um da Cargill, um da cooperativa Cotriguaçu e outro da União Vopak). O arrendamento da cooperativa Coamo termina no fim de 2013.

Licitação

No caso da área da Centro-Sul, cujo contrato de 25 anos venceu há três meses, o processo para uma nova licitação já começou. O edital tem de passar pela aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Tribunal de Contas da União (TCU), e deve ser publicado em dois meses. Procurada pela Gazeta do Povo, a empresa não se manifestou. Outra arrendatária que silenciou sobre o assunto foi a Cotriguaçu, cujo arrendamento de 20 anos termina em 18 de dezembro.

Com dois contratos vencendo daqui a menos de seis meses, a Bunge disse que "mantém o interesse em prosseguir com suas operações" no porto. A União Vopak, dona de um terminal de granéis líquidos, informou que "já tomou todas as providências junto à Appa" para que seu contrato seja renovado "dentro do que é permitido pela legislação, até que seja providenciada uma nova licitação". A empresa disse também que tem "total interesse" em participar da futura licitação.

Controvérsias

Duas empresas interpretam a questão do arrendamento de forma diferente do PDZPO. Uma delas é a Cargill, que, segundo o documento, teria um contrato de dez anos vencendo no fim deste ano. A empresa contou que, por meio de termo aditivo assinado com a Appa em março de 2010, unificou seus quatro contratos de arrendamento, "de natureza e datas de vencimento diversos". Assim, agora estaria em vigor apenas um contrato, "com vencimento previsto para 2016 e podendo ser prorrogado por mais 15 anos".

A Coamo, dona do arrendamento mais longo entre os que estão chegando ao fim – começou em 1980 e vai até 2013 –, avalia que seu contrato é, sim, passível de prorrogação. Amparada em interpretação da Associação Brasileira de Terminais Priva­­­tivos (ABTP), a cooperativa disse que "os contratos anteriores a 1993 deveriam ter passado por adequações até seis meses após a promulgação da Lei dos Portos, com o objetivo de obedecer ao novo regulamento". Essa adequação, segundo a Coamo, estaria ocorrendo somente agora.

Investimentos

Corredor de Exportação terá R$ 470 milhões para melhoria e ampliação

Dos R$ 2 bilhões em investimentos previstos para o Porto de Paranaguá nos próximos anos, cerca de R$ 470 milhões – quase um quarto – serão destinados para a melhoria do Corredor de Exportação (Corex), estrutura de nove terminais e três berços de embarque de grãos, hoje com taxa de ocupação de 95%.

O projeto para o Corex inclui a construção de um píer em forma de T que permitirá a atracação de mais quatro navios e, no cenário mais conservador, o embarque de mais 1,5 milhão de toneladas de grãos no primeiro ano de funcionamento da estrutura. No ano passado, o Corex movimentou 14 milhões de toneladas em soja, milho, farelo de soja, açúcar e trigo.

No próximo domingoA reportagem que encerra a série sobre o futuro do Porto de Paranaguá vai abordar o limite operacional do porto e as projeções de demanda até 2030.

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