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Alta do dólar salva aplicação de quem apostou em ouro

Valorização da moeda garante rentabilidade de investimentos atrelados ao ativo no Brasil. Fora do país, cotação está em queda

Procurado em tempos de crise, ouro já não seduz tanto o investidor. | Michael Dalder/Reuters
Procurado em tempos de crise, ouro já não seduz tanto o investidor. (Foto: Michael Dalder/Reuters)

Considerado um ativo seguro em momentos de crise, como a que enfrenta a Grécia e a que ameaça o mercado acionário da China, o ouro tem sido pouco buscado por investidores nesse período de instabilidade e é visto como uma aplicação arriscada e pouco indicada, inclusive no Brasil, onde se tornou dependente do dólar para seguir dando bons resultados.

INFOGRÁFICO: acompanhe a cotação do ouro ao longo dos últimos meses

A cotação internacional do metal está em queda e não há indicativos de que deva se recuperar em curto prazo, principalmente por causa da reação da economia americana. Negociado na Bolsa de Nova York, o ouro fechou o mês de julho cotado a US$ 1.095 a onça-troy – valor que representa recuo de 17% sobre os US$ 1.282 que valia ao fim de janeiro.

Apesar do recuo global, o metal não perdeu valor no Brasil, já que a precificação local é influenciada pela taxa de câmbio. A forte valorização do dólar – que acumulou, em julho, alta de 10% sobre o real – compensou a depreciação internacional do metal. Assim, o ouro segue com saldo positivo neste ano: encerrou julho com o grama cotado a R$ 119, valor 9% superior aos R$ 109 do fim de janeiro.

Em virtude da forte vinculação à moeda americana, investir no metal exige atenção especial ao câmbio. Superintendente de private banking do Fator, Rodrigo Marcatti avalia que essa característica torna a aplicação excessivamente arriscada. “Quem negocia ouro no Brasil compra mais a variação cambial do que o próprio ouro”, explica.

Consultora de investimentos da Corretora Órama, Sandra Blanco vê o investimento com a mesma ressalva. Ela destaca o perigo da “volatilidade dupla” do produto e não recomenda mais de 10% de aplicação em itens com essa composição. “Tem dois fatores em jogo e pode acontecer de ouro e dólar caírem ao mesmo tempo”, exemplifica.

Bolsa e fundos

A maneira mais popular de adquirir o metal é por meio de negociação na BM&FBovespa, que trabalha com a medida padrão de 250 gramas, hoje orçada em cerca de R$ 30 mil, mas também oferece versões fracionadas. Como o volume de negócios é baixo, o investimento tem pouca liquidez, o que representa uma barreira e o torna menos atraente. Marcatti relata que um cliente teve de aguardar duas semanas para conseguir aportar R$ 1 milhão em ouro, diante da dimensão reduzida do mercado.

Outra possibilidade é aplicar via fundos de investimentos – há dois principais, no mercado brasileiro. Um é oferecido pela Caixa, totalmente atrelado à cotação internacional e, em razão disso, com retorno de apenas 1,4% neste ano, até julho. O outro é da Órama, que também considera o câmbio e, assim, acumula ganhos de 14,7% no mesmo período. Os fundos partem de investimentos mínimos de R$ 1 mil (Órama) e R$ 5 mil (Caixa).

Outra opção é a compra de barras físicas, que pode ser feita com o aporte de valores inferiores aos praticados na Bolsa e, geralmente, atende a outras motivações.

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