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Estabilidade incentiva investimento em construção

O mercado avalia que a estabilidade da economia brasileira deve garantir mais alguns anos de bons resultados para o setor imobiliário. "Não se trata de um ‘boom’, e sim de uma retomada firme e consistente. Não acredito que o forte crescimento atual termine em ‘vôo de galinha’", avalia o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Hamílton Pinheiro Franck. "Vários países que estabilizaram suas moedas tiveram forte crescimento na construção. Foi assim na Espanha, no México e no Chile, e deverá ser assim no Brasil."

O volume de operações financiadas pela caderneta de poupança – um indicador da atividade da construção civil – vem batendo seguidos recordes. O valor contratado em setembro foi de R$ 1,85 bilhão, o maior da história em um único mês, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Desde setembro de 2006, o total de empréstimos soma R$ 14,8 bilhões, com crescimento de quase 80% em relação aos 12 meses anteriores.

Para o diretor de comunicação da Ademi-PR, Fernando Antônio Thá, a ampliação dos prazos oferecidos pelo bancos – que chegam a 30 anos –, as novas regras do FGTS e a queda da taxa básica de juros (Selic) têm outro efeito positivo para o setor: as pessoas estão voltando a ver os imóveis como uma forma de investimento. "Com juro mais baixo, o retorno de aplicações em renda fixa ficou menor. Então o aluguel voltou a compensar", explica.

"O valor do aluguel oscila entre 0,9% e 1% do valor do imóvel, por mês. Chega a 1,3% no caso de imóveis comerciais. É um retorno mais alto que o da poupança. E é garantido, ao contrário de outras aplicações", diz a diretora comercial da construtora J.A. Baggio, Blanca Baggio. Para Luiz Rodrigo Castro Santos, diretor de vendas do grupo LN, o bom momento da construção civil terá impacto no restante da economia. "Todos os setores ligados à construção crescem junto. Além disso, como o setor precisa de muita mão-de-obra, o desemprego cai e o consumo aumenta, estimulando o crescimento econômico." (FJ)

A partir do ano que vem, a classe média terá mais acesso à linha de crédito habitacional que cobra as menores taxas de juros do país. Em janeiro, o valor máximo de imóveis financiados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) subirá de R$ 130 mil para R$ 350 mil, com empréstimo de até R$ 245 mil por pessoa. Além disso, as famílias com renda mensal superior a R$ 4,9 mil, atualmente excluídas desse tipo de crédito, poderão contar com o financiamento do FGTS.

As medidas foram aprovadas ontem pelo conselho curador do fundo, formado por representantes do governo, dos empresários e dos trabalhadores. O governo anunciou que a nova faixa de empréstimos terá recursos de R$ 1 bilhão em 2008 – o conselho curador estima que as contas do FGTS têm atualmente um superávit (sobra) de R$ 21 bilhões. A taxa de juro da nova linha será de 8,66% ao ano, com prazo de até 30 anos para pagar – os financiamentos com recursos da poupança, concedidos pelos bancos, têm taxas que variam entre 9% e 12% ao ano.

As novas regras, no entanto, valem apenas para os "cotistas" – trabalhadores que têm contas vinculadas no fundo. De acordo com a Caixa Econômica Federal, terão acesso à nova linha de crédito aqueles que têm pelo menos três anos de trabalho sob o regime de FGTS. Na data de concessão do financiamento, seu saldo no fundo deverá ser de, no mínimo, 10% do valor total do imóvel. Para os não-cotistas, o valor máximo do imóvel segue em R$ 130 mil e renda de até R$ 4,9 mil mensais.

Embora limitadas aos trabalhadores que estão no regime de FGTS, as medidas foram elogiadas por representantes do setor imobiliário. "De um lado, o fundo de garantia vinha ampliando o crédito popular e, de outro, as classes mais altas compravam imóveis com recursos próprios. A classe média ficou esquecida por um bom tempo, mas agora passa a ser atendida", diz o diretor de vendas do grupo imobiliário LN, Luiz Rodrigo Castro Santos.

Para o executivo, as novas regras se somam à queda dos juros e à ampliação dos prazos de pagamento oferecidos pelos bancos, e devem contribuir para uma forte expansão do setor imobiliário em 2007 e 2008. "O faturamento do grupo LN deve quadruplicar nos próximos 12 meses. O grupo tem mais de 30 anos, mas nos últimos tempos a construção estava estagnada. Com todas essas novidades, temos um forte estímulo para investir." Segundo ele, um prédio residencial com 64 apartamentos lançado pelo grupo LN em agosto já vendeu 60 unidades – e a construção só começa em janeiro. "Antes, se a gente conseguisse vender durante o período de construção já era um bom resultado."

Seme Haad Filho, diretor da Construtora Monarca, avalia que as novas regras do FGTS vão beneficiar os três lançamentos que a empresa prepara para 2008. "São prédios com apartamentos de dois e três dormitórios, voltados para a classe média", explica Haad. O empresário espera que o faturamento da construtora cresça 70% no ano que vem.

A diretora comercial da construtora J.A. Baggio, Blanca Baggio, prevê que as medidas aprovadas ontem vão contribuir para manter o mercado aquecido em 2008. "Desde o início do ano, nossa receita aumentou 25% em relação ao mesmo período de 2006. Mas a procura está aumentando nos últimos meses, tanto que, desde julho, o crescimento já passa de 50%", comemora. Segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR), a expansão do setor em Curitiba e região metropolitana já supera os 30% no acumulado de 2007.

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