O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ontem que os desembolsos do banco neste ano ficarão abaixo do previsto. Ele afirmou que, no início de 2011, era esperado que o BNDES emprestasse ao setor produtivo entre R$ 143 bilhões e R$ 144 bilhões. Mas agora, com 11 meses já cumpridos, a avaliação de Coutinho é de que ficará pouco abaixo dessa marca. "Vai depender de dezembro, mas vai ficar um pouquinho abaixo disso", afirmou. Coutinho disse ainda que sazonalmente os desembolsos do banco aumentam nos últimos dois meses do ano, o que ajudará a impulsionar o investimento e a economia como um todo.
Luciano Coutinho afirmou que as medidas anunciadas ontem pelo Ministério da Fazenda, para diminuir os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira e estimular o crescimento, "ajudam na retomada das vendas do comércio". Isso, segundo o presidente do BNDES, contribui para a redução dos estoques da indústria e permite que a atividade comece o ano mais aquecida. "[As medidas] facilitam a vida no começo do ano. As empresas vão poder trabalhar para repor os estoques", disse.
Na sua avaliação, o governo está atuando de maneira "calibrada", dando condições para a economia retomar o crescimento, mas sem prejudicar a estabilidade monetária e alimentar as expectativas inflacionárias. Coutinho disse ainda que "é viável e desejável" que a economia brasileira cresça mais de 4% no ano que vem. Mas evitou responder a questões sobre possíveis aumentos de desembolsos do banco como resposta à crise, assim como foi feito em 2009. Ele afirmou apenas que o BNDES deve elevar em 10% o aporte em projetos de infraestrutura no ano que vem, carteira que deverá fechar 2011 com empréstimos da ordem de R$ 52 bilhões.
"Com isso, vamos ajudando a dar suporte à economia, criando capacidade produtiva e assegurando estímulos à manutenção do emprego com investimentos", disse.
O presidente do BNDES disse que o sistema bancário brasileiro não será afetado em caso de uma paralisação do crédito na Europa.
"O sistema bancário brasileiro é saudável e não está exposto a nenhum ativo problemático. Além disso, o crédito ao consumo continua se expandindo", argumentou. Para Coutinho, é "muito difícil" que a Europa escape de uma recessão no ano que vem ou de uma escassez generalizada de crédito (credit crunch). O presidente do BNDES participou de evento de empresários organizado pela CNI em São Paulo.
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