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Cumprindo o anunciado na sexta-feira passada, os fiscais federais do Ministério da Agricultura retomaram ontem, por tempo indeterminado, a greve nacional que se estende alternadamente desde junho. O impacto da greve deve ser menor do que o das ocasiões anteriores, já que uma liminar obtida pelo Ministério da Agricultura em 14 de agosto, concedida pela Justiça Federal de Brasília, determina que nos portos, aeroportos, estações aduaneiras e frigoríficos, 60% dos fiscais continuem trabalhando normalmente.

A greve dos fiscais agropecuários afeta diretamente a movimentação de cargas. As exportações de carnes congeladas e de algumas espécies de madeira, por exemplo, ficaram bastante prejudicadas nas paralisações anteriores. A primeira paralisação ocorreu em 17 de junho e a segunda, em 23 de julho, cada uma com 10 dias de duração. Nessas ocasições, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) registrou queda de 70% nos embarques. "Isso afeta bastante os contêineres reefers (de congelados), que são o nosso carro-chefe", diz o diretor-superintendente do TCP, Juarez Moraes e Silva. Segundo ele, os efeitos da greve começam a ser percebidos cerca de 48 horas após o início do movimento.

Na Estação Aduaneira Interior (Eadi-Sul), em Foz do Iguaçu, poucos motoristas foram orientados pelas transportadoras a seguir para a fronteira. "O pátio deve ficar lotado a partir do fim de semana", prevê o fiscal Luiz Alberto Stape. Do lado de fora do Porto Seco, que tem capacidade para abrigar 690 veículos, cerca de 80 caminhões esperavam ontem para dar entrada no processo de desembaraço. No setor de importação, as cargas perecíveis, vivas e que podem provocar o desabastecimento interno têm prioridade. Os carregamentos que não precisam passar pelo controle fitossanitário – a maioria para exportação – estão sendo liberados normalmente.

A Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) garante que os protestos serão mantidos até que os pedidos da categoria sejam atendidos. Segundo a entidade, a proposta do governo fere o acordo feito em 2 de agosto pelo então ministro interino, Silas Brasileiro, deputados da Comissão de Agricultura da Câmara e os fiscais. A categoria reivindica um reajuste salarial médio de 45%, melhores condições de trabalho, reavaliação da gratificação e a criação de uma escola superior de fiscalização agropecuária. A última oferta feita pelo governo federal foi de um reajuste de 20,3%. O salário inicial é de R$ 2,7 mil.

Em todo o país, o Ministério da Agricultura conta com cerca de 2,5 mil fiscais na ativa, entre bioquímicos, zootecnistas, agrônomos, químicos, farmacêuticos e veterinários, responsáveis pela vistoria das cargas que passam pelos portos, aeroportos e fronteiras, e pelo abastecimento interno. De acordo com o diretor da Anffa, Luiz Fernando Santos Carvalho, não haverá mais trégua e a expectativa é que, pressionado pela nova paralisação, o governo volte a negociar.

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