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O diretor da Fitch Ratings no Brasil, Rafael Guedes, sinalizou que o Brasil pode manter o seu grau de investimento, mas para isso será necessário fazer os ajustes fiscais e estabilizar, mesmo que em um período longo, a relação entre dívida e PIB, que atualmente está em crescimento. Segundo o executivo, a definição da nota de crédito de um país é tomada em uma visão de longo prazo e, neste período, é natural que uma economia passe por diferentes ciclos de crescimento.

“Os ratings são desenhados para serem estáveis através dos ciclos. Vemos a capacidade de pagamento ao longo de 5, 7 anos. O investidor espera uma determinada estabilidade do rating”, disse ao participar do seminário “Brasil 2016 - Perspectivas para o País”, organizado pela Câmera Americana de Comércio (Amcham).

Na Fitch, o Brasil ainda está dois níveis acima do grau especulativo. Na Moody’s está um nível acima e na Standard & Poor’s o país já perdeu o grau de investimento.

Na avaliação do diretor da Fitch, independente da perspectiva de recessão da economia em 2015 e 2016 e uma melhora gradual a partir de 2017, o que a agência observa é uma indicação de estabilidade no crescimento da relação entre dívida e PIB.

“A questão não é como vai ser a economia em 2017, e sim como serão os próximos anos. Se houver sinalização que o governo está ciente dos problemas e no médio prazo vai ter uma revisão, isso seria suficiente para manter o rating do Brasil”, explicou.

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Perspectiva

Em abril, quando a Fitch manteve o grau de investimento do Brasil, a perspectiva foi colocada como negativa devido à possibilidade de maiores problemas com a Petrobras e uma deterioração mais rápida da atividade econômica. Perspectiva negativa significa que há uma chance superior a 50% para um corte da nota no curto prazo (dois anos).

Para Guedes, o governo já sugeriu medidas que seriam suficientes para estabilizar a trajetória da dívida. No entanto, o Congresso Nacional não tem dado sinais de que irá aprovar essas medidas. Outro fator que poderia ser negativo para o Brasil é um impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas isso não está no cenário básico das projeções da Fitch.

A agência prevê uma queda no PIB de 3% neste ano e de 1% para o ano que vem. Para a divida pública, a expectativa é que ela atinja 69,4% do PIB em 2016 e 71% em 2017. Para que haja estabilidade, o Brasil teria que crescer 2% ao ano e entregar um superávit primário de 2% do PIB.

“Estamos razoavelmente longe disso”, afirmou.

Revisão da nota

A revisão da nota do Brasil, que pode acontecer até abril do ano que vem, irá levar em conta a dinâmica da dívida pública e o comportamento do Congresso Nacional em relação às medidas de ajuste fiscal.

“O comitê de avaliação vai olhar a dinâmica da dívida pública ao longo do tempo. Essa é a maior fraqueza do Brasil nesse momento”, afirmou, acrescentando que outros aspectos avaliados são as condições macroeconômicas, estruturais e as contas externas.

Na avaliação de Marcelo Kfoury, economista-chefe do Citi, a atual recessão é fruto de políticas equivocadas do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e, para conter esta situação e retomar a confiança, é necessário controlar as contas públicas. No entanto, o governo encontra dificuldade em cortar despesas, uma vez que o PT se mostra contrário a esta opção, ou em aumentar impostos, em que há resistência no PMDB.

“Não estamos conseguindo sair desse dilema”, avaliou.

O banco prevê uma queda no PIB de 2, 7% neste ano e de 1, 1% ano que vem.

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