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Curitiba – Apesar de os Estados Unidos terem desistido há mais de quatro anos do Protocolo de Kyoto, companhias norte-americanas têm procurado fazer sua parte. Três das maiores empresas poluidoras do país, General Motors (montadora de veículo), Chevron Texaco (indústria petrolífera) e American Electric Power (geradora de energia) mantêm reservas ambientais no litoral do Paraná, criadas para o seqüestro de carbono, um dos mecanismos de redução de emissão de gases de efeito estufa estabelecidos pelo protocolo em 1997. Os investimentos das três companhias em Antonina e Guaraqueçaba somam US$ 18,9 milhões. O dinheiro começou a ser aplicado há pouco mais de cinco anos e deve durar até 2040.

As empresas preferem dissociar os projetos ambientais no Paraná ao mercado de carbono, criado após o Protocolo de Kyoto. "Nosso foco principal não é o carbono, mas sim a contribuição ao desenvolvimento ambiental, social e econômico dessa região", afirma a gerente de políticas ambientais da General Motors (GM) nos Estados Unidos, Kristin Zimmermman. A executiva americana visitou a reserva, em Antonina, na última quinta-feira, e viu os resultados dos US$ 10 milhões cedidos pela montadora em 2001. "Fiquei impressionada com os benefícios que o projeto já trouxe à sociedade."

A recuperação de áreas degradadas e a manutenção de florestas são, para Kristin, os melhores resultados do investimento. Ela admite, porém, que o interesse por investir na Floresta Atlântica surgiu logo após a assinatura do protocolo. Pelo acordo, países poderão atingir parte da meta comprando créditos de carbono, resultados de investimentos em Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) – como são chamadas ações de redução de poluentes.

A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Proteção Ambiental (SPVS) – ONG detentora das terras onde ficam as três reservas e gestora dos projetos – é mais direta quando o assunto é crédito de carbono. "A motivação principal da SPVS é a preservação ambiental, mas criamos as reservas com o intuito de gerar crédito. Se isso vai ocorrer ou não só o tempo vai dizer", diz Clóvis Borges, diretor executivo da entidade.

Um dos chamarizes do projeto para atrair financiadores, inclusive, era de que os créditos de carbono gerados pela recuperação da mata nativa pertenceriam a quem investiu. "Foi um contrato de risco porque as regras de aplicação do protocolo estavam, e ainda estão, muito confusas", diz.

Redução

Segundo Borges, não é possível mensurar a quantidade de créditos que deverão ser gerados pela recuperação das três reservas naturais mantidas pela SPVS. Uma coisa é certa: o volume de carbono será menor do que havia sido previsto. Desde a elaboração do primeiro projeto, em 1999, houve mudanças nas regras. Investimentos em florestas não-degradadas não contarão como MDL, ou seja, não se transformarão em créditos. Como parte da área no litoral ainda está preservada, o volume de carbono deverá ser reduzido em pelo menos 50%, de acordo com o diretor da SPVS. A estimativa inicial era de que a Reserva Natural do Cachoeira, financiada pela GM, por exemplo, deveria gerar 1 milhão de toneladas de carbono a partir do 40.° ano. "Mas tudo isso ainda é incerto", avisa Borges.

Com ou sem créditos no futuro, as companhias americanas parecem satisfeitas com o resultado institucional dos investimentos no Paraná. "A American Eletric Power é a maior emissora de gases de efeito estufa da América do Norte, ou seja, manter essa reserva ambiental é mais do que um compromisso", disse Diane Fitzgerald, vice-presidente da companhia, ao justificar os investimentos no Brasil. Tanto ela quanto a executiva da GM, porém, foram categóricas ao afirmar que não há planos de aplicação de mais recursos ou de novos projetos ambientais no país.

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