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O Fundo Monetário Interna­cional (FMI) precisa de análises mais realistas sobre a capacidade dos países de pagar suas dívidas, advertiram os técnicos do FMI em um relatório publicado ontem. A questão ganha relevância pelo equívoco do fundo sobre os problemas da dívida grega, segundo o relatório. Uma previsão melhor do FMI teria permitido chamar a atenção para o que se tornou uma custosa e problemática deterioração econômica do país e da zona do euro.

"É necessário modernizar o sistema para a política fiscal e para as análises de sustentabilidade da dívida pública, especialmente na questão das recentes crises e do aumento das preocupações de sustentabilidade dos negócios em algumas economias avançadas", diz o relatório.

O fundo espera implementar algumas das recomendações de seus técnicos nos próximos meses, incluindo adotar o limite de 60% da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para começar uma fiscalização mais intensa. O FMI também vai adotar uma avaliação mais baseada no risco durante análise das contas de um país.

Antes da crise econômica mundial de 2008, os gastos governamentais dos países ricos foram inflados pela confiança em um crescimento vigoroso. A crise e a subsequente recessão colocaram os níveis da dívida em foco no momento em que os mercados começaram a questionar a capacidade dos governos de pagar suas imensas dívidas, que só aumentaram quando economias avançadas colocaram em seus encargos programas massivos de estímulo. Como as projeções de crescimento têm sido constantemente revistas para baixo nos meses recentes, combater os níveis elevados de endividamento é cada vez mais urgente, diz o relatório.

Previsão furada

O estudo sugere que a Grécia é um exemplo perfeito da equivocada análise do FMI. Atenas está à beira de um default, negociando em­­préstimos do FMI e da União Euro­peia para cobrir suas dívidas. No entanto, o FMI previu, em uma análise da economia da Grécia em 2007, que a dívida do país atingiria no máximo 98% do PIB no pior cenário. Em 2010, a dívida chegou a 142% do PIB e alguns economistas disseram que poderia atingir 180%. "Antes da crise, as análises do fundo nem sempre davam atenção suficiente para a sustentabilidade da dívida pública em países com mercado de acesso, especialmente em economias avançadas", diz o relatório.

Muitas economias avançadas precisam de uma análise mais profunda do FMI se a relação da dívida com o PIB atingir 60%, incluindo os Estados Unidos. Com as despesas superiores às receitas, o FMI projeta que a relação da dívida americana com seu PIB suba de 99,5% este ano para 112% dentro de cinco anos. Os economistas do fundo estimam que o nível máximo de endividamento que pode ser sustentável sem incapacitar a economia está entre 60% e 80% do PIB.

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