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O desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre de 2012, que o IBGE divulgará na sexta-feira, vai reforçar a tese de que o governo dificilmente conseguirá entregar o crescimento próximo de 4% que promete o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A equipe econômica estima que, nos três primeiros meses deste ano, a alta do Produto Interno Bruto (PIB) foi de apenas 0,5% em relação ao final do ano passado, o que equivale a um crescimento anualizado em torno de 2%, metade da atual projeção oficial do Ministério da Fazenda. "Se ficar entre 0,5% e 1% (no trimestre), dá para soltar foguetes", disse um técnico.

O relatório Focus do Banco Central (BC) desta semana mostra que a maior parte do mercado financeiro já não acredita mais em um crescimento acima de 3% neste ano. Os analistas diminuíram a previsão para a expansão da economia em 2012 de 3,09% para 2,99%. Foi a terceira semana seguida de revisão para baixo na estimativa. Segundo o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini, a economia pode até acelerar na segunda metade do ano, mas vai ficar claro que 2012 começou patinando. Ele também espera um crescimento de 0,5% para o primeiro trimestre e de 3,2% para o ano fechado. Já a Gradual Investimentos espera 0,5% de crescimento para o período janeiro-março e de apenas 2,3% para 2012.

De acordo com Agostini, os investimentos públicos também poderiam ter um papel mais forte na atividade econômica, mas estão travados por restrições fiscais. Por isso, o governo tem agora poucos instrumentos para agir, uma vez que os incentivos ao consumo têm limitações. "A confiança dos consumidores ainda tem que melhorar, mas está limitada por preocupações com o cenário internacional. Além disso, o endividamento dos brasileiros já subiu bastante", disse Agostini.

O resultado do trimestre deve aumentar ainda mais a preocupação do Planalto com o crescimento do ano, admitem integrantes da equipe econômica. Por isso, continuam em estudo não apenas novas desonerações, como a de energia e de telecomunicações, mas também a liberação de mais recursos do compulsório (dinheiro dos bancos retido no Banco Central) para aumentar a oferta de crédito no mercado doméstico. Em outra frente, o governo quer acelerar as concessões em setores como energia e aeroportos para impulsionar os investimentos do setor privado. A estimativa de crescimento do governo é compatível com a do mercado.

Para Agostini, da Austin Rating, as ações adotadas na semana passada, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, têm mais o papel de aliviar uma desaceleração herdada de 2011 do que de ativar a economia.

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