Se de forma geral a política industrial não mudou a estrutura produtiva brasileira, há iniciativas públicas e privadas com o mérito de seguirem a cartilha de boas práticas na área de desenvolvimento. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por exemplo, tem linhas de crédito para inovação que não são supridas pelo mercado – o risco é alto e isso assusta investidores privados. A instituição federal também oferece recursos a fundo perdido para pesquisas e desde o ano passado reservou verba para se tornar sócia de empresas inovadoras.
O BNDES também tem recursos para áreas inovadoras ou com grande potencial de desenvolvimento tecnológico. Entre as ações do banco estão um programa de apoio para investimento em design, outro para financiar projetos de engenharia e uma linha para produtos farmacêuticos. Junto com a Finep, o banco estruturou o Plano Inova para os setores agrícola, energia, saúde e sustentabilidade, entre outros.
“É preciso separar na análise as políticas industrial e de inovação”, diz o economista Maurício Canêdo, pesquisador do IBRE/FGV. “O financiamento à inovação parte do diagnóstico correto de que o mercado investe menos do que o necessário para o país porque os riscos são altos. Essa é uma estratégia válida de desenvolvimento.”
A contradição é que o apoio à inovação vai na direção contrária de políticas que têm o objetivo de proteger a indústria. Na última semana, dois bancos públicos anunciaram linhas de crédito para socorrer a cadeia automotiva – que foi beneficiada durante anos por desonerações. A verba bilionária é maior do que o total liberado pela Finep no ano passado, de R$ 4,5 bilhões, para centenas de empresas com projetos inovadores que passaram por editais extremamente concorridos.
Outras iniciativas também apresentam soluções promissoras para a indústria. O Senai, por exemplo, abriu centros de inovação para tocar projetos industriais e publica editais para apoiar projetos. Na última rodada nove empresas do Paraná se qualificaram. Um dos projetos aprovados na primeira fase foi proposto pela Akenge, uma startup incubada na Universidade Estadual de Londrina: desenvolver um sistema de captação de energia sem fio para alimentar sensores em projetos de automação residencial.
“O sistema transforma energia eletromagnética em energia elétrica para alimentar os sensores”, explica Heitor Henrique Freire Arns, um dos três sócios. Se aprovada na segunda fase, a startup pode receber até R$ 400 mil em subvenção, um belo empurrão para quem está começando. A Akenge já está colocando no mercado seu primeiro produto, um interruptor sem tecla, que pode ser controlado por um aplicativo. A linha de atuação da startup, que associa automação e controle a distância, é uma das apostas do Google, que recentemente comprou uma empresa na área, a Nest.
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