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A J Tekt, fornecedora de sistemas de direção hidráulica e elétrica de São José dos Pinhais, fechou cerca de 20 postos desde meados de 2013, quando tinha 530 empregados | Brunno Covello/Gazeta do Povo
A J Tekt, fornecedora de sistemas de direção hidráulica e elétrica de São José dos Pinhais, fechou cerca de 20 postos desde meados de 2013, quando tinha 530 empregados| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Adaptação

Extinção do terceiro turno surge como principal alternativa

A extinção do terceiro turno tem sido a principal adaptação nas fábricas fornecedoras do setor automotivo de São José dos Pinhais. Foi o caso também da Gestamp, fábrica de origem espanhola que produz conjuntos soldados, estamparia e ferramentas matrizes. O diretor corporativo de recursos humanos da empresa,Washington Oliveira, afirma que para cortar custos a fábrica buscou reduzir o estoque de aço, sua principal matéria-prima. Isso não impediu, porém, o corte de 10% do quadro de funcionários.

"Mesmo antecipando férias, diminuindo o trabalho de terceirizados e usando banco de horas, demissões tiveram que acontecer", diz Oliveira. "A fábrica de São José dos Pinhais praticamente está trabalhando em dois turnos dos três com que sempre trabalhou".

Empresas argumentam que o polo paranaense está mais sujeito a demissões porque os salários e dissídios estariam entre os maiores do país, assim como o custo de operação. Na comparação, os pólos de Camaçari (BA) e Betim (MG) são os que menos reduziram postos desde janeiro, abaixo da média nacional (-6,6%). "Empresas que continuarem dependentes das montadoras e não prestarem atenção a esses movimentos podem perder oportunidades", diz o diretor técnico do escritório regional do Dieese, Sandro Silva.

A indústria automotiva vem cortando, em média, 3,2 mil postos por mês no país desde janeiro, mesmo com montadoras usando expedientes para impedir demissões em massa, como lay-offs e férias coletivas. De janeiro a outubro, o polo de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, sofreu redução de 12,7% dos cerca de 13 mil empregos do início do ano, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

INFOGRÁFICO: Veja a redução de empregos no pólo automotivo de São José dos Pinhais

Entre os empregos que deixaram de existir no município, a maior fatia (849) foi cortada por montadoras de carros, caminhonetes e utilitários. Em seguida estão vagas de fábricas que fornecem autopeças e acessórios para as montadoras (813). No Brasil, foram mais de 23 mil cortes apenas nesse ramo.

As medidas das montadoras para reduzir a produção – 16% menor no acumulado do ano em relação a 2013 – têm efeito pesado sobre os fornecedores. Alguns deles já adotaram as mesmas táticas de empresas como Volkswagen e Renault, mas tiveram de reduzir mais custos. Outros são fábricas que não têm estrutura financeira ou gestão de recursos humanos para seguir esses passos.

Os lay-offs (suspensão dos contratos de trabalho), por exemplo, exigem discussões com sindicatos e monitoramento pelo governo. As férias coletivas pedem dinheiro em caixa para adiantar o pagamento do benefício. Outro problema é que as duas estratégias não têm efeito tão expressivo – daí as inevitáveis demissões por montadoras – e afetam a forma de trabalho dos fornecedores, que ainda preferem segurar o quadro para evitar o ônus de ter que recontratar.

"Algumas fábricas optaram por trabalhar com menos turnos, outras demitiram. Mas nenhuma pode parar de produzir completamente", diz Benedicto Kubrusly Jr., diretor regional do Sindipeças, que representa fabricantes de autopeças.

Diversificação

A estratégia dos fornecedores tem sido cortar os custos possíveis e diversificar negócios. A J Tekt, fornecedora de sistemas de direção hidráulica e elétrica de São José dos Pinhais, fechou cerca de 20 postos desde meados de 2013, quando tinha 530 empregados. A empresa extinguiu um terceiro turno de produção, absorvendo parte do pessoal nos dois turnos restantes.

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