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Rio de Janeiro – O funcionário envolvido no vazamento de informações da venda do grupo Ipiranga para os grupos Petrobrás, Braskem e Ultra é da Petrobrás. Ele trabalha há alguns anos como gerente da BR distribuidora – empresa do grupo Petrobrás. Há rumores de que o funcionário foi afastado do cargo, mas a companhia não confirma oficialmente. Sem divulgar mais detalhes, a empresa diz apenas que abriu sindicância para saber se houve participação de algum funcionário do grupo no vazamento de informações.

O que já se sabe é que este funcionário teve sua conta bloqueada na sexta-feira, dia 21. Há a suspeita de que informações sobre a operação tenham vazado, o que beneficiou as pessoas que souberam do negócio. Neste caso, por exemplo, o funcionário da empresa comprou, no dia 13 de março, ações ordinárias (ON, com direito a voto) da companhia, quando elas estavam com preço mais baixo, e as vendeu no dia 19 de março, quando os papéis já tinham subido após o anúncio oficial da operação. Ou seja, sabendo da operação, ele pode comprar papéis em baixa e vender em alta, embolsando o lucro do negócio.

O investidor também ganhou ao vender, entre os dias 13 e 14 de março, todas as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Refinaria Ipiranga, que havia comprado a termo (operação de mercado futuro) em fevereiro de 2003. Isso porque, a partir do anúncio da operação, a tendência era de queda no valor das ações preferenciais da empresa, já que elas não estão envolvidas no negócio. O total dos recursos bloqueados deste investidor foi de cerca de R$ 295 mil e, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a operação gerou um ganho de 70% para o funcionário.

O presidente da CVM, Marcelo Trindade, disse que a autarquia não vai se manifestar sobre a identidade dos suspeitos de uso de informação privilegiada no caso Ipiranga. Amanhã, os presidentes da Petrobrás, Braskem e Grupo Ultra vão debater a compra da Ipiranga, em audiência pública na Câmara dos Deputados.

A Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) criticou a operação de compra do grupo Ipiranga por falta de informações sobre o negócio, além de questionar a diferença entre os preços pagos por ações preferencias e ordinárias. "Até agora, pelo que se viu, as empresas [Petrobrás, Braskem e Ultra] pagaram um preço extremamente elevado pelas ações do bloco de controle. E estão avaliando por um preço muito baixo as preferenciais. Há uma discrepância muito grande em termos de valor", afirmou Edson Garcia, superintendente da Associação.

"A gente quer saber efetivamente o ponto. Se conhece o número [o preço de incorporação das ações preferenciais], mas não como se chegou a ele", diz.

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