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Rio de Janeiro – A Volo do Brasil, empresa do fundo americano Matlin Patterson formada para a compra da VarigLog (ex-subsidiária da Varig), apostou no insucesso dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e apresentou informalmente à Justiça uma proposta para a compra da companhia por US$ 485 milhões. Desse total, US$ 20 milhões entrariam imediatamente na empresa. Segundo fontes ligadas à negociação, o dinheiro seria depositado para garantir a reestruturação das operações da Varig, mas não seria utilizado diretamente para pagar credores.

A Varig tem hoje um dia decisivo, porque depende do aporte de recursos para continuar operando. A companhia só tinha combustível garantido até o fim do dia de ontem, a Infraero pretende passar a cobrar à vista as tarifas aeroportuárias e a Justiça americana condicionou a prorrogação da liminar que protege os aviões de arresto ao pagamento da primeira parcela do valor de venda ao TGV. Com o agravamento da crise, o Matlin Patterson voltou a procurar a Varig.

A oferta do fundo, no entanto, só será efetivada se o TGV não depositar hoje os US$ 75 milhões para garantir a compra da Varig pelos US$ 449 milhões propostos em leilão no último dia 8. Na quarta-feira, porém, o coordenador do grupo, Márcio Marsillac, admitiu a possibilidade de o montante não ser levantando até o prazo determinado pela Justiça. "Ninguém tem 100% de segurança de que esses recursos serão apresentados na sexta-feira." Marsillac, no entanto, continuava negociando a obtenção de recursos com três grupos. "As três frentes que nós temos ainda não recuaram diante da grande depreciação que estamos vivendo no momento."

Se o TGV não conseguir o dinheiro e o negócio proposto pela Volo vingar, ela ficaria com 90% da nova Varig – os 10% restantes seriam divididos entre funcionários e credores da companhia.

A Volo condicionou a nova proposta à aprovação, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da venda da VarigLog, ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig. A venda da VarigLog por US$ 48,2 milhões para a Volo foi fechada há vários meses, mas ainda não teve a aprovação da Anac, que alega que os documentos necessários para a transação não foram apresentados.

O sindicato patronal das empresas aéreas afirma que a Volo descumpre a legislação brasileira, que estabelece que estrangeiros só possam ter até 20% do capital de uma empresa aérea. A Volo informou à Justiça que só confirmará a proposta de compra da Varig se a Anac aprovar a compra da VarigLog até hoje.

Após várias tentativas, o grupo TGV desistiu ontem de buscar junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um empréstimo para bancar a compra da Varig – já que o grupo admitiu não ter o dinheiro necessário. O presidente do BNDES, Demian Fiocca, afirmou que o banco só poderia liberar recursos para investimentos na Varig, mas descartou financiar a compra da companhia aérea para os trabalhadores.

Falência

Em caso de falência, a Varig continuaria em funcionamento com um consórcio liderado pela estatal portuguesa de aviação TAP, apoiando financeira e operacionalmente. No entanto, o presidente da TAP, Fernando Pinto, disse ontem que esse projeto não avançou, mas que continua "aguardando o que vai acontecer".

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