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Números

R$ 4,38 bilhões foi a captação líquida da carteira de fundos referenciados DI até 21 de agosto, segundo dados da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid).

Perda de R$ 3,11 bilhões foi contabilizada nos fundos de renda fixa em agosto (até a última terça-feira). Eles já haviam perdido R$ 7,36 bilhões em julho.

São Paulo – Os fundos referenciados DI foram o refúgio do investidor assustado com a turbulência nos mercados provocada pela crise imobiliária no segmento de hipoteca de alto risco (subprime) nos Estados Unidos (EUA). Essas carteiras, que vinham sofrendo saques sempre superiores aos depósitos desde fevereiro, inverteram a curva e em agosto (até o dia 21), registravam captação líquida de R$ 4,38 bilhões, de acordo com a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). O dado é o mais atualizado fornecido pela entidade. "Boa parte veio dos fundo de renda fixa", diz Marcelo D'Agosto, diretor do site Fortuna.

Os fundos de renda fixa perderam R$ 3,11 bilhões em agosto (também até o dia 21). Mas esses fundos já haviam perdido R$ 7,36 bilhões em julho. De janeiro a junho, estas aplicações não haviam registrado perda de recursos em nenhum mês. Os fundos de ações, apesar da rentabilidade negativa, registraram captação líquida de R$ 134 milhões em agosto, até dia 21. "Muita gente saiu, mas muita gente entrou nesses fundos, aproveitando a queda dos preços", diz D'Agosto.

A turbulência não afetou a caderneta de poupança, segmento que vem registrando captações líquidas positivas desde setembro de 2006. Em agosto, até dia 20, os depósitos em poupança superavam os saques em R$ 1,89 bilhão.

D'Agosto explica que os fundos de renda fixa foram prejudicados pela turbulência porque possuem em carteira papéis prefixados, adquiridos quando a aposta era de queda das taxas de juros. "Como a turbulência elevou os juros no mercado, esses fundos tiveram de contabilizar o prejuízo e perderam rentabilidade", diz D'Agosto. "O investidor, que não esperava perdas nessa aplicação, se assustou e migrou."

Nos fundos DI, o rendimento segue a curva de juro do mercado. Assim, quando os juros subiram, as cotas dos DI acompanharam a alta. "A obrigação dos gestores desses fundos é manter 95% da carteira indexada ao CDI (títulos negociados entre bancos) ou à taxa Selic." Esses fundos são indicados em cenário de alta das taxas.

Para analistas, a crise financeira, embora tenha esmorecido na semana passada, ainda não está debelada, até porque a calmaria se deve em boa parte à expectativa de que o banco central americano vai reduzir a taxa básica em pelo menos 0,25 ponto porcentual, para 5%, na reunião de 18 de setembro.

O administrador de investimentos Fábio Colombo diz que o dinheiro novo deve ser aplicado em fundos DI. E, para ele, na hora da escolha do fundo, "o x da questão" é a taxa de administração. "Elas variam de 0,3% a 6% ao ano em função do valor do depósito inicial." Como regra geral, a taxa de administração é mais alta em todo o mercado para quantias menores. "Mas o investidor deve pesquisar taxas para a mesma quantia e comparar."

Um outro cuidado é conhecer a composição da carteira. Ele explica que a maior parte do fundo está aplicada em títulos do governo federal, mas esses fundos podem ter também títulos privados emitidos por bancos e empresas. "É preciso que os emissores sejam confiáveis, para que o investidor não corra risco de crédito", explica Colombo. "Se uma debênture não for paga no vencimento, o cotista assume a perda no fundo."

Outro ponto que o investidor deve observar é que, se a taxa de administração do fundo for superior a 1,5% ao ano, a caderneta pode ser mais rentável. "Mas sem esquecer que da caderneta o dinheiro só pode ser sacado com rendimento mensal no dia do aniversário da conta, enquanto nos fundos a liquidez com rentabilidade é diária", alerta Colombo. A orientação vale para aplicação em fundo por prazo inferior a dois anos, em que o Imposto de Renda tem alíquotas maiores. "Por prazo a partir de dois anos, em que o imposto cai de 22.5% para 15%, fundos DI com taxa de até 2,5% prometem bater a caderneta."

Por causa dos impostos incidentes (CPMF, IOF e IR), não vale a pena aplicar em fundos por menos de um mês. "O dinheiro que vai ser usado em menos de um mês precisa ficar na conta corrente", diz Colombo. Ele não desconsidera também a compra de ações. Os preços estão convidativos depois das últimas quedas.

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