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Cascavel – A "safra recorde" de soja não deve passar de previsões no Oeste no Paraná. Enquanto as estimativas oficiais ainda prevêem produtividade acima de 3 toneladas, áreas afetadas pela ferrugem asiática estão rendendo apenas 1,8 tonelada por hectare. A constatação é do projeto Rumos da Safra, desenvolvido pela Gazeta do Povo em parceria com a Federação da Agricultura (Faep) e a Organização das Cooperativas (Ocepar) do estado.

O rendimento até 40% menor deixou o produtor Sérgio Domingos Tochetto decepcionado. A ferrugem prejudicou mais o rendimento que a seca do ano passado, afirma. Além de render menos, a soja está mais leve, lamenta. "Na última colheita, enchia o caminhão com 170 sacos. Hoje não cabem mais que 135. Para chegar a 60 quilos, é preciso abarrotar o saco de grão", diz Tochetto. Ele conta que não ficará sem renda no próximo ano porque trabalha como bombeiro.

O agrônomo Daniel Galafassi, que atende a 120 produtores na região de Cascavel, afirma que a quebra média provocada pela ferrugem é de 15%. Ele considera que mesmo quem fez três aplicações de veneno contra o fungo da ferrugem asiática, o Phakopsora pachyrhizi, enfrenta abate na lavoura plantada em novembro. A soja plantada em outubro escapou do problema, relata.

O agrônomo da Copacol Leone Vignaga afirma que 45% dos 85 mil hectares de soja cultivados pelos cooperados da empresa foram afetados pela doença e terão produtividade mais de 20% abaixo do esperado. Ele conta que o problema encerra o euforismo diante da safra de soja, que vinha apresentando produtividade 30% acima das 2,4 toneladas colhidas na seca do ano passado.

A explicação técnica é simples. A ferrugem chegou rápido por causa das chuvas e os produtores não souberam controlá-la. O fungo afetou as folhas, que deixaram de fazer fotossíntese e caíram prematuramente. Com isso, as vagens produziram menos. Os grãos que se desenvolveram acabaram amadurecendo mais rápido. Assim, ficaram menores e mais leves que o normal.

Além de representantes de cooperativas, o Rumos da Safra ouviu 15 produtores. Todos reclamam da situação, que surpreendeu os técnicos da Faep e da Ocepar que acompanham a reportagem. A região de Cascavel está entre as quatro únicas regiões do Paraná que produziram mais de 1 milhão de toneladas de soja no ano passado, ao lado de Campo Mourão, Ponta Grossa e Toledo.

Além de quebrar a colheita, a ferrugem aumentou o custo de produção em cerca de 5% por aplicação de fungicida – R$ 40 por hectare. Os produtores que fizeram três aplicações e, ainda assim, sofreram perdas, dizem que os fungicidas não funcionaram. Mas o agrônomo Vignaga defende que houve erro na aplicação. Ele conta que os produtores não deveriam ter esperado tanto para controlar a doença. A tendência é de que, no próximo ano, o produto seja aplicado preventivamente, antes do aparecimento dos primeiros sintomas, diz o agrônomo Galafassi.

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