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Nem sempre um jovem "nem nem", termo cunhado para quem não trabalha nem estuda na faixa de 15 a 29 anos, está nessa condição por escolha própria. O IBGE traçou o perfil desse grupo, alvo de estudos em muitos países, e constatou que 26% deles procuraram trabalho em 2013.

No caso dos homens, o percentual atingiu 36%. Os "nem nens" correspondiam a 20,3% dos jovens dessa faixa etária em 2013 - o porcentual era de 19,6% em 2012. Ou seja, um a cada cinco jovens estava nessa condição no ano passado, segundo dados da Síntese de Indicador Sociais do IBGE, divulgados nesta quarta-feira (17).

O dado sinaliza que parte desses jovens não trabalha por causa do desalento e pelas dificuldades de encontrar trabalho em um período de menor crescimento econômico. Um indicativo de que o mercado de trabalho se fechou a esses jovens é o fato de que 30,7% não chegaram nem a concluir o ensino fundamental.

Escolaridade

O baixo nível de escolaridade é um problema num mercado de trabalho que exige cada vez mais qualificação, segundo Felipe Leroy, professor de economia do Ibmec.

"Há uma demanda maior por profissionais mais preparados, com a perda de peso na economia de setores que empregavam mão de obra menos qualificada, como agropecuária, alguns ramos da indústria e a construção."

O perfil dos "nem nens" indica ainda que eles têm ainda escolaridade menor (8,6 anos, contra 9,4% do total dos jovens de 15 a 29 anos) e 44,8% vivem em famílias com renda de 1/4 do salário mínimo por pessoa.

A maioria (73,6%) se dedicam a afazeres domésticos, eram mulheres (68,8%) e se declararam ao IBGE como pretos ou pardos (62,9%).

Proporcionalmente, a região que concentrava mais "nem nens" era o Nordeste - 35,2% do total desses jovens no país.

Dos jovens de 15 a 29 anos que não foram classificados como "nem nens", 22,7% só estudavam, 13% apenas trabalhavam e 44% trabalhavam e estudavam.

Geração canguru

No outro extremo, os "adultos jovens" (de 25 a 34 anos) que adiam a saída de casa estão mais concentrados em famílias de renda mais alta: 14,7% dos domicílios com renda per capita superior a dois salários mínimo abrigavam filhos nessa faixa etária, que integram a chamada geração canguru.

Já na faixa de lares com rendimento de até meio salário mínimo por pessoa, o percentual era de 6,7%. Segundo o IBGE, os "cangurus" eram 24,6% do total de pessoas entre 25 e 34 anos em 2013 --acima dos 21,2% de 2004.

Na média do país, 11,4% das famílias mantinham esses jovens em casa. Esse percentual é maior em áreas mais "ricas", como São Paulo (14,1%).

O menor número de filhos graças à redução da fecundidade e o aumento do rendimento das famílias nos últimos anos permitiu que os jovens ficassem por mais tempo no seu lar de origem para se dedicar ao estudo, segundo Leroy.

"Esse grupo tinha, em 2013, escolaridade média de 10,9 anos de estudo [superior à média dessa faixa etária], indicando que a opção de viver na casa dos pais pode estar ligada à maior dedicação aos estudos", diz o IBGE.

Afazeres domésticos

Apesar de avanços, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho ainda persiste, principalmente quando a jornada de trabalho é conjugada aos afazeres domésticos, de acordo com o IBGE.

Entre as mulheres ocupadas de 16 anos ou mais, 88% realizavam afazeres domésticos em 2013. Entre os homens, esse percentual era 46%. As mulheres tinham uma jornada média em afazeres domésticos mais de que o dobro da masculina (20,6 horas/semana).

Considerando a jornada no mercado de trabalho e o serviço de casa, a jornada feminina semanal era de 56,4 horas semanais, superior em quase cinco horas à masculina - cujo tempo dedicado ao trabalho é maior.

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