O grupo chileno Falabella, quarto maior varejista da América Latina, desembarcou definitivamente no mercado brasileiro. Dona da rede de materiais de construção Dicico desde 2013, a empresa inaugurou, na quarta-feira (10) na cidade de Barueri (SP), a primeira megaloja da marca Sodimac – que é líder no mercado de produtos para casa no Chile e ainda não tinha presença no Brasil.
Com faturamento de US$ 12 bilhões no ano passado, o grupo já atua em seis países da América Latina com supermercados, lojas de departamento, banco e shopping centers. No varejo, o segmento de materiais de construção e artigos para casa é o mais relevante para a companhia, com receita de US$ 5,6 bilhões no ano passado.
A aquisição da Dicico foi o primeiro movimento do grupo Falabella em direção ao mercado brasileiro. Os chilenos compraram, por R$ 388 milhões, 50,1% da Construdecor, empresa controladora da rede paulista de materiais de construção. O fundador da Dicico, Dimitrios Markakis, permaneceu no negócio com 49,9% do capital, e ocupa o cargo de presidente da Construdecor.
As duas operam em formatos diferentes: a rede brasileira é especializada em revestimentos, louça sanitária, acabamentos, enquanto a Sodimac atua também em decoração, móveis, utensílios para a casa, como panelas e roupa de cama.
O dinheiro da transação foi para o caixa da empresa, com o objetivo de tirar do papel os planos de expansão da rede. No ano passado, a companhia desembolsou R$ 100 milhões para comprar um terreno de 37 mil metros quadrados na Marginal Pinheiros, Mas, para iniciar as obras de uma nova loja na capital paulista, a Sodimac ainda depende das autorizações da Prefeitura. Enquanto a papelada não sai, os planos de crescimento estão voltados para o interior do Estado de São Paulo. Ainda neste ano, a rede deve inaugurar uma unidade em Ribeirão Preto e já negocia terrenos em Campinas e São José dos Campos. “A ordem que recebemos do conselho de administração é aproveitar o momento ruim da economia brasileira para acelerar e negociar terrenos”, diz Markakis. O grupo chileno tem US$ 4,4 bilhões para investir entre 2015 e 2018, nos seis países onde atua.
Investimento
Em Barueri, a área foi alugada. A empresa destruiu os galpões de uma antiga transportadora e construiu do zero a nova loja, num prazo de cinco meses. A estreia, que exigiu investimentos de R$ 100 milhões, deve mexer com o setor, liderado por competidores como Leroy Merlin, Telha Norte e C&C. Para entrar na briga com esses gigantes, a nova rede importou do Chile alguns conceitos inéditos ou que ainda são pouco explorados no mercado brasileiro.
A loja, de 11,5 mil metros quadrados, oferece, além de produtos para casa – como cerâmica, tinta, luminárias –, serviços de pedreiro, pintor, designer de móveis, aluguel de ferramentas e itens feitos sob encomenda, como cortinas. Esses profissionais podem ser contratados nas lojas e o pagamento é feito no caixa, com garantia de um ano dada pela Sodimac.
“Isso é muito comum no Chile, mas não existe no Brasil”, diz Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). “A iniciativa deve tirar a concorrência da zona de conforto.” Para atrair profissionais da construção, a rede lançou um sistema de “Drive Thru”, que funciona na mesma área sob a marca Sodimac Constructor. Outra aposta são os produtos com marca própria, que representam 10% dos itens à disposição na loja. Um deles é a tinta Kolor, produzida na hora, numa máquina desenvolvida pela própria empresa.
Preço
Os chilenos desembarcaram com uma estratégia agressiva, prometendo cobrir os preços da concorrência e dar 10% de desconto em cima deles. Para praticar valores mais baixos, a redução de custos é quase um mantra entre os executivos. “Não trabalhamos com estoques, e as gôndolas foram projetadas para que sejam abastecidas diretamente, assim que os produtos são retirados do caminhão”, explica o chileno Francisco Cerda, diretor da Sodimac Brasil.
Em geral, os itens ficam expostos na parte superior dos corredores e as caixas ficam na parte de baixo, ao alcance dos clientes, com etiquetas que trazem uma série de informações técnicas, para diminuir a necessidade de vendedores. Na loja de Barueri, são 220 funcionários.
A equipe comercial da rede tem 30 profissionais - dos quais dois são chilenos e um é colombiano. Praticamente todos já visitaram as lojas da Sodimac no Chile e em outros países da América Latina para entender a proposta da rede. O time está sob o comando de Francisco Cerda, que tem 13 anos de Grupo Falabella. Antes de se mudar para São Paulo com a família, em 2013, foi vice-presidente de expansão internacional e responsável por sondar o mercado brasileiro, até fechar com Dimitrios Markakis a compra da Dicico.
Ontem, os dois passaram o dia na loja nova, vestidos como os vendedores: com aventais pretos e curtos, que tinham seus nomes gravados em destaque. Cerdo vem acompanhando de perto a operação e já atendeu alguns clientes nos dias de teste que antecederam a inauguração oficial. No celular, ele diz ter a prova de que não está trabalhando pouco: são 16 mil passos, ou quase 13 quilômetros, percorridos por dia só dentro da loja.
“Desenrola” de Lula cumpre parte das metas, mas número de inadimplentes bate recorde
Reforma pode levar empresas a cancelar planos de saúde para empregados, diz setor
Cheias devem pressionar a inflação; mercado e governo refazem as contas
Atuação dos Profissionais de RH é de alta relevância na construção de uma sociedade sustentável, justa e igualitária
Deixe sua opinião