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A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), atacou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por não tomar medidas para conter a escalada do dólar que chegou a R$ 6 na quinta (28), e fechou no recorde de R$ 5,98, após o detalhamento do pacote de corte de gastos do governo.
A moeda norte-americana vinha escalando desde a tarde de quarta (27) quando surgiram as primeiras informações de que uma das medidas seria a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, compensada com a taxação de ganhos acima de R$ 50 mil. Isso ligou o sinal de alerta do mercado.
“BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem [quarta, 27] que já levou o dólar a R$ 6. [...] É um crime contra o país”, disse a deputada em uma rede social. A moeda segue escalando nesta sexta (29) e já bateu R$ 6,11 no meio da manhã durante as negociações.
Gleisi Hoffmann afirma que o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, já esclareceu que o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda não terá impacto fiscal nas contas do governo – ou seja, “sem prejuízo para a arrecadação”. No entanto, isso não foi suficiente para acalmar os ânimos do mercado ao longo do dia.
“Era obrigação da ‘autoridade monetária’ intervir no mercado contra a especulação desde seu previsível início, com leilões de swap, exigência de depósitos à vista e outros instrumentos que existem para isso”, pontuou a presidente nacional do PT.
Em um tom semelhante foi o ministro Rui Costa (Casa Civil), que disse que Campos Neto atua deliberadamente para prejudicar o país. "Todo esse questionamento de hoje [do mercado] foi deliberadamente, em nossa opinião, motivado e ‘startado’ pela atual direção do Banco Central, que, na minha opinião, numa visão política de boicote ao governo, ficou criando uma sensação permanente de instabilidade"”", disse Rui Costa.
Para ele, que é um dos principais ministros da Esplanada, o presidente do Banco Central “vai para fora do Brasil, só vive falando mal do Brasil. Toda palestra que vai fala mal do Brasil”.
Por outro lado, ele minimizou a disparada do dólar e afirmou que cairá à medida que o mercado financeiro entende as medidas propostas – que ele diz ter atendido a 100% das exigências.
“O dólar vai cair. Acho que aí é dialogar com o mercado. A equipe econômica vai conversar e não tenho dúvida de que quando ficar esclarecido o conjunto das medidas nos detalhes [o dólar vai cair], porque o que se cobrava foi plenamente, 100% atendido”, disse.
O ministro reforçou um discurso frequente no governo de que “quem apostar contra o Brasil vai perder e nós não vamos brincar de fazer política econômica, não vamos brincar de governar, nosso compromisso é fazer esse país crescer de forma sustentável e duradoura, de longo prazo, com compromisso com indicadores econômicos a lutar”.