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O governo mudou de tom e admitiu que pode socorrer a Varig com dinheiro público. A mudança teria acontecido devido à pressão de trabalhadores e repercussões negativas da falência da empresa em um ano eleitoral. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que anteriormente se posicionara desfavorável a um desfecho com uso de dinheiro público, agora disse que o BNDES está disposto a ajudar a uma empresa privada que compre a companhia.

- Sem sombra de dúvida, o BNDES se dispõe a entrar. É fundamental que a Varig seja operada, é fundamental não só para o governo. É fundamental para os consumidores, para os empregados, é fundamental para os funcionários, pilotos, é fundamental para empresas fornecedoras, que tenha um investidor com condições operacionais, com condições financeiras de assumir a empresa - disse Dilma.

Foi a primeira vez que a ministra admitiu ajuda. Anteriormente, ela declarara que "qualquer solução para a Varig que não implique em gasto do dinheiro público é sempre favorável". A Varig deve cerca de R$ 7 bilhões e entre os principais credores estatatis estão a BR Distribuidora e a Infraero.

Para atrair investidores, o BNDES poderia conceder um empréstimo de US$ 100 milhões para suprir as necessidades imediatas de caixa da companhia.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Justiça do Rio estão trabalhando juntas dentro do plano de recuperação judicial que prevê a cisão da empresa. A idéia é vender a companhia, que seria dividida em duas: uma parte boa, livre das dívidas do passado, que ficaria com os vôos domésticos; e outra, com as rotas internacionais e o passivo. A chamada Nova Varig seria leiloada a investidores interessados em manter a marca, as rotas, parte dos aviões e dos funcionários, e a carteira de clientes do programa Smiles.

O plano ainda está sendo costurado e foi apresentado ao ministro da Defesa, Waldir Pires, nesta quinta-feira . Para viabilizar as rotas internacionais, a Nova Varig faria um acordo operacional com a antiga empresa para apoio nos aeroportos. A parte internacional (Varig velha) teria participação de 10% na nova empresa.

Segundo os idealizadores do plano, este não prevê o calote das dívidas, que seriam quitadas a longo prazo, por meio do acerto de contas entre o que a União deve à Varig pelo congelamento tarifário na década de 80 e os créditos de ICMS dos estados. O plano de recuperação aprovado pelos credores já prevê o parcelamento das dívidas antigas.

Após uma audiência na Câmara dos Deputados para discutir a crise da Varig, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, disse ontem que o governo poderá ajudar a empresa, desde que dentro do plano de recuperação judicial. O governo teria mudado de idéia devido à pressão dos trabalhadores e às repercussões negativas da falência da empresa em ano eleitoral. Zuanazzi disse que a Anac só se manifestará depois da aprovação do plano pelos credores, na terça-feira.

Nessa quarta, a Infraero enviou notificação extrajudicial à Varig, cobrando R$ 133,9 milhões em tarifas aeroportuárias acumuladas de setembro a março e a retomada do pagamento diário de R$ 900 mil pelo uso dos aeroportos. Mas o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse que aceita negociar. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, afirmou que tentará um acordo.

A Varig informou não ter recebido notificação para devolver uma turbina a uma empresa de leasing. Mas disse que devolverá oito aviões Boeing 737-500 à Ansett e à ILFC. Hoje há uma audiência nos EUA para decidir sobre o arresto dos aviões da ILFC.

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