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Brasília – Após expansão generalizada de gastos no ano eleitoral, o governo divulgou hoje, a seis dias da votação, que promoverá um corte de R$ 1,6 bilhão no Orçamento até dezembro e, ainda assim, não cumprirá a meta fiscal inicialmente fixada para o ano. A decisão é atípica para esta época do ano. Normalmente, há um bloqueio preventivo de gastos no primeiro bimestre, seguido de liberações graduais à medida que se confirmam as expectativas de arrecadação.

Entre as justificativas para o corte, está a redução da estimativa oficial para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 4,5% para 4%. Não se trata de novidade real: a área econômica já vinha trabalhando com um cenário menos favorável – o mercado projeta expansão de apenas 3,09%.

No pacote reeleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram concedidos, para o salário mínimo e os servidores federais, os reajustes mais generosos em pelo menos dez anos. Como resultado, as despesas obrigatórias da União dispararam. No Orçamento de 2006, sancionado em maio, calculavam-se despesas obrigatórias do Tesouro Nacional de R$ 150,8 bilhões, além de um déficit de R$ 39,1 bilhões na Previdência. Agora, na avaliação relativa ao quarto bimestre, as previsões saltaram para, respectivamente, R$ 160 bilhões e R$ 41,6 bilhões.

Não por acaso, o documento revela que o governo federal reduziu sua meta de superávit primário (a economia de receitas destinada ao abatimento da dívida pública), dos 2,45% previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2,4% do PIB, embora não tenha sido reduzida da meta para todo o setor público, de 4,25% do PIB.

O novo superávit previsto é o menor do governo Lula, que em 2004 chegou a fazer uma economia de 2,97% do PIB. Neste ano, pela primeira vez na gestão petista, as despesas passaram a crescer mais que as receitas, a despeito do aumento da carga tributária.

Segundo o Ministério do Planejamento, comandado por Paulo Bernardo, o superávit menor do governo federal (incluindo Tesouro e Previdência) será compensado por resultados acima do esperado nas estatais, estados e municípios.

Desde a sanção do Orçamento, o governo tem tomado decisões erráticas, mas coerentes com o calendário eleitoral, nas avaliações bimestrais que definem cortes e liberações de gastos públicos. Em maio, com base nos resultados do segundo bimestre, foi promovido um bloqueio de R$ 14,2 bilhões nas despesas autorizadas para o ano.

Apenas dois meses depois, graças a um aumento repentino da expectativa de arrecadação tributária, a área econômica viu espaço para uma megaliberação de gastos de R$ 4,8 bilhões. Agora, um terço desse valor volta a ser bloqueado pelo Planejamento.

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