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Usina de etanol em Jandaia do Sul, no Norte do Paraná: setor teme que plano de longo prazo não sairá tão cedo | Fábio Dias/ Gazeta do Povo
Usina de etanol em Jandaia do Sul, no Norte do Paraná: setor teme que plano de longo prazo não sairá tão cedo| Foto: Fábio Dias/ Gazeta do Povo

Carros leves

55% da frota de carros leves do Brasil terá de ser abastecida com etanol até 2015, pelo plano divulgado ontem pelo governo federal. O problema é que ele não considera a atual situação da indústria e nem as condições do mercado: o próprio governo mantém os preços da gasolina congelados há cinco anos, tirando a competitividade do álcool hidratado.

O setor sucroalcooleiro foi surpreendido duplamente ontem com a divulgação de um Plano Estra­tégico do Setor Sucroalcooleiro pelo governo federal. Além de os empresários não esperarem a divulgação do plano nesta semana de carnaval, o documento contém apenas medidas já anunciadas em outros momentos. Com isso, o setor ficou temeroso de que o anúncio deste pacote seja um sinal de que um verdadeiro conjunto de medidas estratégicas de longo prazo para o setor não será elaborado pelo governo tão cedo.

O plano divulgado pelo Minis­tério da Agricultura prevê a am­­pli­­ação da participação do etanol hi­­dratado para cerca de 50% a 55% da frota de carros leves do Brasil. Porém, não considera a atual situação da indústria e nem as condições do mercado em que o próprio governo mantém os preços da gasolina congelados há cinco anos, o que tira a competitividade do álcool na maior parte do país.

O documento divulgado pelo Ministério da Agricultura afirma que o plano está apoiado em três medidas para atender ao aumento da demanda interna e externa de etanol. A primeira delas seria a renovação de 6,4 milhões de hectares de cana-de-açúcar até 2015, com um custo estimado em R$ 29 bilhões. A segunda ação seria in­­vestir R$ 8,5 bilhões para recuperar a capacidade instalada da indústria, que opera com capacidade ociosa de mais de 100 milhões de toneladas de cana. A terceira e última medida seria elevar a oferta de matéria-prima para as indústrias. Nas três medidas, estão previstos investimentos da ordem de R$ 60 bilhões até 2015. Os recursos viriam do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Sem novidade

Fontes explicam que estas linhas já encontram-se disponíveis, pelo menos na teoria. Segundo o executivo de uma multinacional que recentemente chegou ao país, na prática o dinheiro liberado para a renovação da cana no BNDES ainda não está nos bancos. "O período de plantio já está acabando. Se os recursos não che­­garem no momento definido, não adiantarão nada."

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) informou que as medidas são benéficas, mas que realmente já são conhecidas do setor e do mercado – e que não há, portanto, qualquer novidade.

Executivo de um dos principais grupos sucroalcooleiros afirma que o plano divulgado ontem coloca premissas e metas a serem atingidas – como a manutenção de um mercado de até 55% da frota de veículos leves para o hidratado – sem levar em consideração a atual situação da indústria o mercado. O fato de o preço da gasolina permanecer praticamente inalterado nos últimos cinco anos retirou a competitividade do etanol hidratado em quase todo o país.

"Como vamos produzir mais hidratado se ele apenas fica competitivo em relação à gasolina quando está abaixo do custo de produção?", disse um produtor, espantado pelas premissas do programa divulgado. "Voltaremos a ter mais de 50% do mercado de combustíveis quando os investidores tiverem segurança para retornar os investimentos."

Energia

O governo anunciou na última semana o preço teto para o leilão de energia que vai realizar em março. O preço, de R$ 112 por megawatt-hora (MWh), é 20% inferior ao preço do último leilão, que foi de R$ 139. Para um projeto de cogeração de bioeletricidade de cana ser viável, no entanto, o preço deve beirar os R$ 140 por MWh.

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